Quando um Homem Quer Partir, Fausto (1970)
Houve um tempo distante, quase um universo paralelo, em que Fausto Bordalo Dias, o catedrático da canção milimetricamente disposta, era simplesmente Fausto, um rocker de barbicha, calças à boca de sino, autor de canções desarrumadas. A entrada mal-ajeitada de ‘Quando Um Homem Quer Partir’ está no tempo certo, é a mesma passada despreocupada, andamento vagaroso, que marcava os discos dos heróis da canção em 1970, de Bob Dylan a Neil Young. E os versos não enganam: é música de intervenção, apimentada com rock 'n' roll. Contudo, era mesmo um universo paralelo: Fausto renegou este seu primeiro álbum e, na antecâmara do 25 de Abril, reinventou-se um genial cantautor.