Os Capitão Fausto são a melhor banda pop dos últimos 15 anos de música em português. São também, provavelmente, a única a ter desejado chegar a um patamar de tal gabarito, mantendo-se distante do paroquialismo e imune ao bolor da nova canção ligeira, bastas vezes desejosa de um regresso aos tempos em que meninos cortejavam casadoiras no portão da herdade, e também à margem da dor de corno da pop (sub)urbana, embrulhada em saturante vocoder e progressões melódicas de catálogo, refém de métricas (e medidas) que rimas de cantilena de infantário já não ousariam ensaiar. A ambição, justificada por uma discografia constante, e em progressiva sofisticação, nota-se a partir de “Pesar o Sol” (2014), o mais magmático comprimido psych-pop pós-Quarteto 1111, com “Capitão Fausto Têm os Dias Contados” (2016) a acrescentar-lhe charme britânico e a finta brasileira de “A Invenção do Dia Claro” (2019) a incutir-lhe leveza de água de coco.
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“Subida Infinita”, dos Capitão Fausto: o difícil quinto álbum
“Subida Infinita” não é um disco de recomeços: parece querer despedir-se de uma certa ideia de uns Capitão Fausto gregários, rumo a uma maior intimidade