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Manel Cruz ao vivo na Casa da Música: o traço fino de uma inimitável voz do Porto

Na segunda de duas noites esgotadas na Casa da Música, no Porto, Manel Cruz foi intimista e desconcertante, generoso e criativo. Sozinho em palco com as suas palavras e as suas ideias, aquele que, para muitos, será sempre “o gajo dos Ornatos” partilhou (muitas) canções novas, velhos clássicos e as inquietações de sempre. Da luz à sombra, este “bom filho do vento”, e do Porto, coube em 21 canções. Esta quinta apresenta-se no CCB, em Lisboa

Manel Cruz
Rita Carmo

Na sua mais recente passagem pelo Posto Emissor, podcast da BLITZ, Manel Cruz refletiu sobre a curiosa discrepância entre o seu traço na ilustração, a primeira arte que desabrochou em si, e na música. Se nos desenhos que começou por criar em tenra idade, e aos quais ainda dedica tempo e inspiração, o seu traço é tendencialmente expansivo, geralmente garrido e ocasionalmente grotesco, nas canções a sua voz revela-se mais introvertida. E foi esse traço mais fino, delicado até, que esta quarta-feira vingou na Casa da Música, no Porto, na segunda de duas noites esgotadas na Sala Suggia. Sozinho com as suas palavras e as suas ideias, perante o seu público e as suas pessoas (na plateia encontravam-se os seus pais e irmãos, bem como vários companheiros de palco), Manel Cruz mostrou-se seguro e confortável na partilha dessa natureza mais virada para dentro, que se tem vindo a acentuar no percurso a solo.