O rock n' roll não é feito apenas de histórias. É também feito de mitos, de narrativas cuja veracidade não se consegue comprovar, mas que despertam uma tal crença que não há como não terem acontecido; é feito de fé, de Cristos e de Judas, de mártires e de traidores, é feito do paraíso mas também do macabro. Materialisticamente falando, é feito de guitarras de seis cordas, electricidade e inspiração blues. Romanticamente falando, não dá para descrever o rock n' roll. Os Tédio Boys eram rock n' roll, um dos exemplos máximos do rock n' roll em Portugal, e não dá para os descrever - muito menos se nunca tivermos vivido os tempos em que eles por aí andavam, encafuados em carrinhas, o material todo na traseira, a espalhar canções como ‘Aloha’, ‘Burn Burn Burn’ ou ‘Jungle Rock’ pelos palcos portugueses (e não só, como se sabe).
A sua carreira resultou em quatro álbuns de estúdio, um documentário ("Filhos do Tédio", de 2013), uma exposição fotográfica (em 2023) e uma variada prole: daqui brotaram os Wraygunn, Legendary Tigerman, os Parkinsons, os D3O, os Bunnyranch, os Twist Connection, os Ghost Hunt... E brotou, também, no final de dezembro de 2023, uma compilação de tributo, “Coverbilly Psychosis”, com o selo da Lux Records e onde encontramos não só alguns dos membros dos Tédio Boys como também alguns dos artistas que não escondem a sua condição de fãs do grupo: Dirty Coal Train, The Act-Ups, A Jigsaw, Birds Are Indie, Dr. Frankenstein…