A história do punk em Lisboa começou em Janeiro de 78 com o primeiro concerto dos Faíscas, na festa da Música & Som no Pavilhão dos Belenenses, onde estiveram também os Psico", recordava em 2009 Jorge P. Pires, jornalista há muitos anos ligado ao mundo da música, autor da biografia dos Madredeus e co-autor do documentário Brava Dança, sobre os Heróis do Mar.
"Eu costumava parar ali pela zona do Saldanha e do outro lado do Liceu Camões havia uma companhia de teatro independente, Teatro do Nosso Tempo ou TNT, e durante esse ano e talvez o ano seguinte concentrou-se ali muita da gente que depois fez coisas", explica o jornalista.
"Juntou-se ali muita gente: alguns por causa das raparigas do Liceu Camões, outros por causa dos ensaios na Senófila, havia quem morasse por ali, outros que vendiam ali umas coisas, outros ainda que iam lá para comprar... e era curioso porque aquilo era a 100 metros da Polícia Judiciária. Todo o dia e toda a noite aquilo tinha muito movimento e havia muita gente que morava ali ao pé, o António Variações, o Paulo Gonçalves dos Faíscas. Foi nesse ambiente que eu conheci o Zé Leonel [que viria a ser o primeiro vocalista dos Xutos], graças a uns amigos comuns".