Blitz

Por que razão não há novas bandas de rock e metal a encher estádios? Bruce Dickinson, dos Iron Maiden, explica

O vocalista dos Iron Maiden deixou duras críticas à indústria musical, dizendo inclusive que construir em Londres uma “Sphere”, semelhante à sala futurista estreada pelos U2 em Las Vegas, é “um desperdício de dinheiro”. Importa, no seu entender, fazer com que as pessoas saiam de casa e possam dizer: “fui a um concerto no outro dia e foi muito melhor que ficar sentado diante de um ecrã.”

Bruce Dickinson, dos Iron Maiden
Getty Images

Bruce Dickinson explicou porque, no seu entender, não há bandas de heavy metal recentes a encher estádios e arenas por todo o mundo.

Em entrevista à rádio sueca Bandit Rock, o vocalista dos Iron Maiden, que se encontra a promover o seu próximo álbum a solo, “The Mandrake Project”, lembrou uma conversa que teve com um promotor brasileiro sobre a falta de nomes que possam configurar cabeças de cartaz. Para Dickinson, o problema reside nas “grandes empresas”, que “passaram a dominar tudo”. “Ajudam a divulgar os grandes cabeças de cartaz, mas não contratam as bandas que ajudam a criar aquele impacto que dá origem a uma base de fãs”, afirmou.

“Não te tornas num cabeça de cartaz da noite para o dia. Tornas-te cabeça de cartaz dando muitos concertos em muitos lados, e os fãs e a população segue-te, e de repente estás em Wembley e pensas ‘meu Deus, estes tipos estão a tocar em estádios’. E o próximo passo, depois desse, é ser cabeça de cartaz de um festival”. O músico acrescentou ainda que, na sua perspetiva, os promotores mudaram. “Já não contratam bandas da mesma forma. Antigamente, os promotores corriam riscos”, disse. “A impressão que tenho é a de que, dantes, a cena era muito mais mexida, no que toca a bandas novas que pudessem surpreender as pessoas”.

A falta de espaços mais pequenos onde tocar é também apontada por Dickinson como um fator importante: “Isso leva a uma diminuição no número de pessoas que saem de casa e depois dizem, ‘caraças, fui a um concerto no outro dia e foi bem fixe, muito melhor que ficar sentado diante de um ecrã’. É preciso que haja sítios para que isso aconteça”. Nesse sentido, Dickinson criticou os planos existentes para construir, em Londres, um espaço como a “Sphere”, a sala futurista estreada pelos U2 em Las Vegas: “É um desperdício de dinheiro. Mais valia converterem uma dúzia de bares antigos em salas de espetáculos e dizerem aos miúdos: ‘olha, está aqui uma sala, vai lá tocar’", rematou.