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Sinéad O’Connor (1966-2023): o que fazer com tanta dor?

A lágrima que escorria do seu rosto no videoclip de ‘Nothing Compares 2 U’ era tão real que não houve quem não se quedasse de amores por aquela jovem cantora de 20 e poucos anos, de cabelo rapado, rosto angelical e voz de transparência absoluta. Se na era de ouro da MTV a pop era uma nova religião, Sinéad não iria ser uma santa: “As pessoas dizem: ‘destruíste a tua carreira’, mas estão a falar da carreira que tinham em mente para mim.” Viveu entre a luta e a dor, até ao fim

Sinéad O’Connor em 1988
Getty Images

A pop pode ser o mais terrível dos lugares, um palco cruel que amplifica todas as fragilidades e inseguranças, todos os traumas e falhas, todas as feridas. E poucas estrelas terão sentido isso de uma forma tão funda quanto Sinéad O’Connor, a cantora irlandesa que o mundo aplaudiu em 1990, que nunca fugiu da controvérsia, que ergueu a sua voz a favor de causas que considerava meritórias do abuso perpetrado sobre crianças à defesa dos refugiados e que nunca escondeu as suas duras lutas consigo mesma, expondo em público os efeitos dos seus problemas de saúde mental.