Numa altura em que os principais festivais de verão estão à porta, a RFM vai dedicar uma emissão especial de 28 horas ao debate da acessibilidade de pessoas com deficiência e surdas à cultura.
“RFM Sem Olhar a Quem” terá início às 6h da manhã desta quinta-feira e prolonga-se até às 10h da manhã de sexta, no jardim do Campo Pequeno, com a presença de vários artistas e agentes da cultura, que serão convidados a explicar “como encaram a inclusão de todas as pessoas nos espetáculos que organizam e em que participam”.
João Pedro Pais, Aurea, Pedro Mafama, Fernando Daniel e 5ª Punkada, a banda da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (que em maio partilharam palco com os Coldplay) são algumas das presenças musicais confirmadas, juntando-se a agentes culturais e promotores de espetáculos como Roberta Medina ou Luís Montez ou, entre outros, Jwana Godinho, da Access Lab, empresa que trabalha o acesso de pessoas com deficiência e surdas à cultura e ao entretenimento enquanto direito humano fundamental.
“A realidade de muitas pessoas, no dia a dia, prova que a acessibilidade à cultura e ao mundo dos espetáculos continua a ter obstáculos e a precisar de desenvolvimentos. 10,9% da população portuguesa, de acordo com o Censos 2021, vive com alguma deficiência ou incapacidade. Entre os vários conceitos que a deficiência engloba, como visual, motora e as pessoas surdas ou com algum grau de deficiência auditiva, é necessário que exista, em qualquer evento, acessibilidades”, pode ler-se no texto de apresentação da iniciativa.
“Em eventos culturais, concertos e festivais, é necessário que exista uma série de condições para que as pessoas com deficiência consigam estar presentes. Acessibilidade devia ser sinónimo de inclusão. Para isso, é preciso ter corredores de acesso, amplos, que permitam a locomoção de pessoas com deficiência motora, nos mesmos espaços por onde passam as pessoas sem deficiência motora (…); casas de banho adaptadas; intérpretes de Língua Gestual Portuguesa e legendas automáticas em espetáculos, para que as pessoas surdas ou com algum grau de deficiência auditiva possam perceber o que está a ser dito (e assim sentirem o espetáculo); audiodescrição, para que as pessoas com deficiência visual possam acompanhar o espetáculo e vibrar com ele”, prossegue, sublinhando que “é preciso que cada vez mais promotores de espetáculos instituam o bilhete de acompanhante, um bilhete que garante que pessoas com algum tipo de deficiência, que precisem de outro alguém para lhes dar apoio, sem terem de pagar um bilhete extra”.