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Pusha T ampliou a família no Primavera Sound Porto: “Vocês estão a controlar este espetáculo. Só vos dou a energia que me dão a mim”

Entre dedos do meio no ar, ‘mosh pits’ respeitáveis, palavras de ordem e citações das suas mil e umas colaborações com nomes como Kanye West, Future ou Pharrell Williams, o rapper norte-americano Pusha T assinou esta sexta-feira uma das atuações mais enérgicas da edição deste ano do Primavera Sound Porto

Como Pusha T bem esclareceu, nas várias vezes que disse ser “bom estar de volta a Portugal”, o concerto desta sexta no Primavera Sound Porto não era a sua primeira vez em solo nacional. Contudo, era a sua estreia na invicta… e talvez não estivesse bem preparado para a receção calorosa que teve. O rapper norte-americano não mostrou grande vontade de abandonar o palco e ao fim de uma hora continuava a insistir para a plateia abrir o mosh pit: “Ainda não terminei!”. Secundado por um DJ que mal escondia a sua satisfação com a energia do público, e que insistiu em pontuar o concerto com o soundbite do riso maquiavélico que ficou de ‘Let the Smokers Shine the Coupes’, tema com honras de abertura, Pusha T percorreu os momentos mais certeiros da sua discografia recente e adicionou-lhes algumas das suas milhentas colaborações com nomes da realeza do hip-hop norte-americano.

Com a clareira frente ao palco muito bem composta, o rapper foi percorrendo “It’s Almost Dry”, álbum que editou no ano passado, ainda antes de cortar relações com o ex-comparsa Kanye West, sendo particularmente recompensado pela plateia em momentos como uma ‘Diet Coke’ que trouxe desafio à dança, uma muito participada ‘Neck & Wrist’ (que junta dois feats de luxo: Jay-Z e Pharrrell Williams) ou uma agreste ‘Rock N Roll’. Houve mãos no ar, gritos de “Pusha, Pusha”, dedos do meio em ‘Hear Me Clearly’, rimas sobre milionários, privilégio branco e vídeos onde dinheiro e armas convivem pouco pacificamente.

‘Santeria’ e ‘If You Know You Know’, ambas recuperadas a “Daytona”, de 2018, foram dois dos momentos mais recompensadores do concerto, mesmo que com energias antagónicas. “Porto, ouçam bem. Têm de se aplaudir. Eu só estou a dar-vos a energia que vocês me dão a mim”, atirou a dado momento Pusha T, pouco antes de declarar “vocês controlam este espetáculo” e de esclarecer, já no encore: “Eu não tenho fãs, eu tenho família”. E a família aumentou, certamente, depois de uma atuação que terminou com um desfile de citações de temas de Future (‘Move That Dope’) ou Kanye West (‘Runaway’: “Porto, eu disse que fazia tudo por vocês, mas uma coisa que não vou fazer é cantar isto em palco. Cantem vocês, se souberem”) e um regresso aos primórdios da sua carreira com ‘Grindin’’, primeiro sucesso do duo Clipse, que manteve durante anos com o irmão, No Malice.