“Tinha dado demasiados tiros nos pés. Não tinha desaparecido por completo mas a estrada tinha-se afunilado, quase fechado. Ainda não me tinha extinguido mas cambaleava caminho fora. Havia uma pessoa desaparecida dentro de mim e precisava de a encontrar. Sentia-me gasto, um destroço vazio e esgotado. Demasiada estática na minha cabeça de que não conseguia livrar-me. Estivesse onde estivesse, era um trovador dos anos 60, uma relíquia do folk-rock, um artesão da palavra de tempos idos, um chefe de Estado de ficção de um país que ninguém conhecia. Não tinha a menor ligação a qualquer tipo de inspiração. Já não era o meu momento da História. O espelho tinha rodado e conseguia ver o futuro — um velho ator a vasculhar o lixo à porta do teatro dos sucessos passados.”
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Quando Bob Dylan voltou ao mundo dos vivos, quando o tempo de Bob Dylan voltou a ser o nosso
“Era um trovador dos anos 60, uma relíquia do folk-rock, um artesão da palavra de tempos idos, um chefe de Estado de ficção de um país que ninguém conhecia. (…) Já não era o meu momento da História. O espelho tinha rodado e conseguia ver o futuro — um velho ator a vasculhar o lixo à porta do teatro dos sucessos passados.” Era este o Bob Dylan de 1987 que ele mesmo desenhava em “Chronicles Volume One”. A salvação (ou o renascimento) chegaria em meados dos anos 90, período captado por mais um volume das suas “Bootleg Series”