Os Mão Morta reagiram laconicamente às múltiplas críticas que surgiram nas suas redes sociais depois de esta quarta-feira terem anunciado a participação na edição deste ano da Festa do Avante, que se realiza entre 2 e 4 de setembro. Segundo o JN, a banda bracarense afirma apenas: "Os Mão Morta não tomam parte das degradantes polémicas da aldeia global".
Entre os comentários de seguidores, no Facebook, há quem se mostre desiludido, ilustrando um "dia muito muito triste para mim, que tenho tudo deles e era a minha banda portuguesa favorita", ou quem questione a banda sobre o facto de o Partido Comunista Português, organizador da Festa do Avante, não ter condenado a invasão da Rússia à Ucrânia: "onde está a solidariedade para com as vítimas da invasão do tresloucado Putin?".
Contudo, há também quem se coloque ao lado do grupo, defendendo que fará "uma participação de peso na Festa deste ano, contra ventos e marés, provando que a música é uma arte que pode unir os Homens e contribuir para a paz e há artistas que não se submetem a censuras, preconceitos e amarras, independentemente de correntes mediática do momento que tentam subjugar o pensamento das maiorias pregadas no ecrã".
Em declarações ao podcast Posto Emissor, da BLITZ, em abril passado, Adolfo Luxúria Canibal, líder dos Mão Morta, falou sobre a guerra na Ucrânia, dizendo: "O mais grave é estarmos entre duas forças políticas terríveis. Por um lado, a Rússia autoritária e ditatorial de Putin, com a intoxicação da população feita pelos media controlados pelo poder. Por outro, uma sociedade que é tudo menos democrática. A extrema-direita tanto está a Rússia, ligada ao poder, como na Ucrânia, também ligada ao poder. Isto não é uma guerra política tradicional, no sentido esquerda-direita. É uma guerra entre duas extremas-direitas".
Recorde-se que os artistas que confirmaram a sua presença na Festa do Avante deste ano, entre os quais se encontram Carminho, Dino D'Santiago ou Paulo Bragança, têm sido alvo de críticas por terem aceitado participar no evento político-cultural. Uma das primeiras vozes a fazê-lo publicamente foi o comentador da SIC José Milhazes, dizendo que os artistas "são livres de participar no que quiserem, mas estão a participar numa festa que não é só musical. É uma festa política de um partido que apoia regimes hediondos e que, neste momento, está a apoiar uma guerra".