Há três anos, decorria ainda a mais recente edição, o público do NOS Alive ficava a conhecer a primeira grande confirmação do cartaz do ano seguinte: os Da Weasel, afastados das lides musicais desde 2010, voltariam para um concerto exclusivo no festival. Esse regresso seria adiado por duas vezes, devido à pandemia, mas, como defende Álvaro Covões, diretor da promotora Everything is New, será “o ponto alto” dos quatro dias do evento, que volta ao Passeio Marítimo de Algés na próxima quarta-feira. Já não há bilhetes para os dias que terão como cabeças de cartaz os Metallica (8) e os Imagine Dragons e Da Weasel (9), e “o dia 7 [encabeçado por Florence + The Machine] está muito próximo de esgotar”. “Estamos muito satisfeitos com os números”, confessa Covões, “a voz popular diz que as pessoas estavam sedentas de ir a festivais. É verdade. Porque isto é um grito de liberdade e podemos estar todos juntos novamente a fazer aquilo de que gostamos, que é ouvir música ao vivo, mas existe um aumento do custo de vida que está a ser altamente penalizador para a cultura”. O responsável máximo do NOS Alive acredita que “o verdadeiro impacto da pandemia” só será sentido pelo sector dos festivais em 2023, tendo em conta que os bilhetes para este ano começaram a ser vendidos praticamente há quatro anos.
“O maior desafio foi sobreviver. Sobreviver sob o ponto de vista económico e financeiro e sob o ponto de vista mental”, assume, “e, acima de tudo, lutar sempre para aproveitar todas as pequenas oportunidades para trabalhar, coisa que acabámos por conseguir”. Apesar de assentir que, a nível europeu, houve empresas importantes para o sector a encerrarem portas e muitos profissionais a mudarem de atividade, Covões enaltece a resiliência do mercado português. “Felizmente, apesar de todas as dificuldades, em Portugal, muita gente ficou e acreditou que iríamos regressar. Senão isto seria uma desgraça. É evidente que se sente, às vezes, dificuldade em arranjar um técnico, mas são aquelas coisas pontuais.” Depois da pandemia, a guerra na Ucrânia trouxe outro tipo de problemas. “Os mercados russo e ucraniano eram fortes para os artistas. Houve digressões que abanaram e estiveram quase em risco porque perderam São Petersburgo, Moscovo e Kiev. Ficares sem três datas importantes significa que passas a ter prejuízo”, explica, “isso preocupou-nos, a dada altura, mas felizmente os artistas conseguiram corrigir as coisas. Agora, todos eles têm outras dificuldades... Não há palcos, não há camiões especializados de transporte de equipamentos para espetáculos, não há técnicos. É um fenómeno global, mas foi por força da pandemia”.