Autárquicas 2017

Jerónimo de Sousa assegura que não vai “alimentar arranjos artificiais”

“Há quem por aí ande à procura de replicar, segundo os próprios, uma suposta solução nacional para o plano local. Não sei se será por confusão ou por intenção de confundir” disse esta noite Jerónimo de Sousa durante um comício realizado em Vila Franca de Xira

ANTÓNIO PEDRO SANTOS / LUSA

O secretário geral do PCP afirmou esta sexta-feira que não vai "contribuir para "replicar" soluções para as autarquias semelhantes à do Governo e acusou a comunicação social de "criar falsos conflitos" entre o partido, o PS e o BE.

"Há quem por aí ande à procura de replicar, segundo os próprios, uma suposta solução nacional para o plano local. Não sei se será por confusão ou por intenção de confundir", observou Jerónimo de Sousa, acrescentando que "só quem desconhece a natureza e características do Poder Local democrático pode ter uma visão parlamentarista e governamentalizada do seu funcionamento", numa alusão ao acordo de governo entre o PS, PCP e BE.

Jerónimo de Sousa que falava esta noite durante um comício realizado em Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, debruçou-se sobre o resultado das eleições autárquicas e assegurou que a CDU "não irá alimentar "arranjos artificiais nem coligações despropositadas e sem nexo".

Nesta matéria, como em todas as outras, o PCP responde por si, com os seus critérios e princípios e não iremos boicotar ou obstaculizar o funcionamento das autarquias. Não nos verão a alimentar, acenando com arranjos artificiais ou mera ambição de poder, os argumentos dos que ambicionam concretizar essa alteração antidemocrática no Poder Local", assegurou.

Na sua intervenção, o secretário geral do PCP acusou também a comunicação social de "procurar criar casos" entre o partido, o PS e o Bloco de Esquerda, referindo-se a um discurso realizado quinta-feira em Matosinhos durante o qual Jerónimo de Sousa afirmou que o partido foi alvo de "vários ataques anticomunistas" durante a campanha autárquica" e o seu papel político desvalorizado

"Denunciamos ontem [quinta-feira] e demos exemplos da sistemática deturpação da mensagem da CDU nesta campanha eleitoral. Tivemos a comprovação imediata dessa deturpação e falsificação com a cobertura dada ao comício que realizamos em Matosinhos. Conseguiram apagar da crítica feita ao conjunto dos partidos e ao seu posicionamento eleitoral o PSD e o CDS, para procurar concluir que o PCP só criticou o PS e o BE"", apontou.

Jerónimo de Sousa ressalvou que as críticas feitas foram para "todos os partidos que participaram na campanha eleitoral e não apenas para o PS e o BE.

No final da sua intervenção, Jerónimo de Sousa procurou mobilizar os militantes presentes, garantindo que o partido "não vira a cara à luta" e que "ainda existem muitos desafios pela frente"

"Os tempos que aí vêm terão de ser tempos de dar novos passos e avanços, para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e do povo, e não ficar amarrados a constrangimentos que limitam ou impeçam esse rumo", concluiu.

A CDU - que junta comunistas, ecologistas e independentes - obteve um dos piores resultados de sempre em eleições autárquicas baixando de 34 para 24 presidências de municípios. Almada (Setúbal) e Castro Verde (Beja) foram dois dos municípios que estavam sob a sua liderança desde 1976, ano em que se realizaram as primeiras eleições autárquicas em democracia, e que passaram para os socialistas.

Já o PS garantiu o melhor resultado desde 1976, conquistando, sozinho, 159 das 308 câmaras, incluindo a da capital, mas sem maioria absoluta.