Fundos de investimento

Saiba quais as melhores obrigações para a sua carteira

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Luis Caleira Marques (www.expresso.pt)

Com os recentes abalos sentidos nos mercados acionistas, os investidores poderão estar mais inclinados para investir em obrigações, reduzindo a sua exposição ao mercado acionista. Ao investir em obrigações existe sempre a escolha entre obrigações soberanas, emitidas por países, ou empresariais, no entanto, "o investimento em obrigações das diversas classes está disponível não só através do investimento direto nos títulos, como também através da subscrição de fundos de investimento que abarcam estas temáticas, permitindo ao investidor o apoio da gestão profissional e níveis de diversificação de risco", indica Diogo Serras Lopes, Diretor de Investimentos do Banco Best.

A primeira opção que um investidor tem que tomar para escolher um fundo de obrigações é se irá investir em países ou em empresas. De acordo com Diogo Teixeira, administrador da Optimize Investment Partners, "os mercados continuam de exigir um prémio de risco relativamente elevado sobre a divida das empresas, deixando ainda alguma "margem" de normalização dos spreads exigidos. Esta aposta é valida se considerarmos que a crise económica está a resolver-se progressivamente, não pondo em causa a estabilidade financeira das empresas". Opinião também expressa por Diogo Serras Lopes que realça que "as obrigações de empresas transacionam atualmente a valores ainda atrativos quando comparados com valores históricos".

Cuidado com a dívida pública

Em relação às obrigações soberanas, há que ter atenção que as mesmas "não são uma categoria homogénea. Enquanto as obrigações dos governos mais fortes (Alemanha, França, Estados Unidos por exemplo) tiveram uma performance muito positiva desde o início deste ano, o mesmo não aconteceu por exemplo no caso de Portugal", explica Diogo Teixeira. Indica também que "com os níveis de taxas de juros em mínimos de sempre (2,2% no caso das obrigações alemães a 10 anos), muitos analistas consideram que existe um risco forte de se ter criado uma bolha sobre os títulos de dívida soberana. A forte aversão ao risco levou muitos investidores para este tipo de ativos, impulsionando os preços para níveis historicamente nunca vividos". Diogo Serras Lopes relembra que "as obrigações soberanas têm, desde o início do ano, sido pressionadas pela derrapagem das contas públicas nestas economias, como consequência da crise financeira, tendo os spread subido para níveis recorde, face às obrigações de referência alemãs ".

Dentro das obrigações soberanas existe também a possibilidade de investir em títulos de dívida emitidos por países considerados emergentes. De acordo com Diogo Teixeira, "as obrigações de dívida soberana de países emergentes podem ser uma boa escolha no âmbito de uma carteira diversificada. Representam no entanto riscos específicos, nomeadamente de natureza cambial, que devem ser cuidadosamente ponderados antes da decisão de investimento ser tomada".

Diogo Serras Lopes alerta que "são ativos com maior volatilidade e menor liquidez. Além disso, as economias emergentes, estando ainda em processo de maturação, comportam maiores riscos político-sociais", não deixando de realçar que, "no longo-prazo, os mercados emergentes podem beneficiar de um conjunto de características económicas, sociais e geográficas que os diferenciam dos mercados desenvolvidos: condições demográficas positivas; crescimento da procura interna; abundância de recursos naturais; e sustentabilidade financeira (menor alavancagem)".

Fundos nacionais preferem obrigações soberanas

Os fundos nacionais de obrigações taxa fixa possuem mais de 90% da sua carteira em títulos da dívida pública. Para João Melo Zorro, diretor de investimentos do segmento de obrigações da sociedade gestora Espírito Santo Activos Financeiros (ESAF), "têm havido bastantes receios sobre a sustentabilidade destas economias e a diferença em termos de taxa de juro com a Alemanha tem-se acentuado. Significa que a dívida pública dos países core têm sido beneficiada, na medida que os investidores trocaram a dívida dos periféricos por esta", separando os países em "países core (Alemanha, Holanda e França, por exemplo) e países periféricos (Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Irlanda)". Para além da situação a nível europeu, "a possibilidade da recuperação económica dos EUA estar comprometida e um cenário de recessão poder-se verificar. E é esta última (mais os efeitos da primeira) que fundamenta os atuais níveis de taxa de juro".

Para o futuro do fundo Espírito Santo Obrigações Europa, João Melo Zorro informou que "o nosso objetivo é manter o fundo como veículo de investimento em ativos de dívida pública. Recentemente decidimos investir na dívida pública periférica, passando de praticamente 0% para 50% de peso. Acreditamos num regresso a estes ativos uma vez que o atual nível de taxas tão baixas "força" os investidores a tomar mais risco para obterem uma rentabilidade interessante".