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Segredos de uma audiência. Quando o Papa recebeu as guerrilhas das antigas colónias portuguesas

Faz esta quarta-feira meio século que o Papa Paulo VI recebeu os líderes dos três movimentos de libertação das colónias portuguesas, inscrevendo esse dia 1 de julho de 1970 na história das relações entre Portugal e o Vaticano. A audiência durou apenas sete minutos, mas teve efeitos catastróficos para a política africana do então chefe do Governo português, Marcello Caetano, e quase levou à rutura das relações diplomáticas. Através do testemunho de participantes e da correspondência diplomática, reproduzimos o relato dos acontecimentos, que publicámos originalmente na Revista de 15 de abril de 1995

Keystone

Com a chegada de Marcello Caetano ao poder, em setembro de 1968, as relações entre Portugal e a Santa Sé haviam-se distendido. O Vaticano encarava com expectativa benévola as promessas reformistas do novo chefe do Governo. Não sem razão: o principal atrito viria a ser superado em julho do ano seguinte, quando Lisboa pôs ponto final ao exílio do bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, que regressou, após dez anos, à sua diocese.