Vida Sustentável

“A minha pegada”. A mudança nos pés que começa na cabeça

Úteis, práticos, informais ou bonitos, os ténis são objeto de culto, mas precisam de perder um adjetivo: descartáveis

Jairus Gallimore

Chama-se sneaker mania (“febre dos ténis”) à chegada dos ténis aos pés de um público transversal, numa tendência sem data para abrandar. Após fenómeno semelhante nos anos 70, com as ainda icónicas Converse All Star, os ténis estiveram associados aos atletas, depois ao conforto, ainda ao estilo, e agora também ao luxo. Marcas como Gucci ou Saint Laurent aderiram à ideia de que roupa casual pode ser distinta e levaram-na para os desfiles de moda, o que contribui para um mercado global hoje acima dos mil milhões de euros.

A um par de ténis pode pedir-se quase tudo, menos milagres: quanto mais a indústria cresce, mais polui. Com a agravante de lhe darmos pouca atenção, segundo Tansy Hoskins, jornalista britânica que lançou esta semana — por videoconferência, exigência do Covid-19 — o livro “Foot Work: What your shoes are doing to the world” (“O que os seus sapatos estão a fazer ao mundo”). A autora explica que a cadeia de produção de ténis está 10 anos atrasada, tanto em condições de trabalho como de impacte ambiental. “O problema é a discrepância entre marketing e realidade. Os ténis são muitas vezes vendidos como ferramentas para nos reconectar com o mundo natural, através da corrida ou de atividades ao ar livre, mas na verdade estão a destruir o mundo. E, por serem muito baseados em tendências, são vistos como descartáveis.”

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