Corria o ano de 1964. Donald Currey tinha chegado à montanha de Wheeler Peak, no Nevada, com a intenção de estudar as características glaciares daquela região dos Estados Unidos através daqueles que são considerados os seres vivos mais antigos do mundo: os pinheiros-de-pinhas-cerdosas ou pinheiros-das-neves, de nome científico Pinus longaeva. O geógrafo de 30 anos acreditava que, através daquelas árvores seria possível chegar a uma data, já que estas só poderiam ter criado raízes quando os glaciares tivessem recuado. Não demorou muito até identificar o pinheiro que queria estudar: conhecido localmente como Prometeu, era particularmente pardo e contorcido. Recorrendo a uma verruma — uma broca oca utilizada na dendrocronologia, método científico para determinar a idade de uma árvore — tentou retirar uma amostra fina do núcleo do tronco da árvore que lhe permitisse contar os seus anéis de crescimento. Mas esta história não teria um final feliz.
Os relatos sobre o fim de Prometeu variam — há quem conte que a verruma era demasiado pequena, que esta se partiu na árvore ou até quem diga que Currey não sabia extrair amostras de uma árvore tão grande —, mas sabe-se que, no final, o jovem cientista obteve autorização do Serviço Florestal para a cortar. Mais tarde, ao contar os anéis de crescimento, ia recuando na sua história e do mundo — passou pelo ano do seu nascimento, as vidas dos pais, avós e outros antepassados, épocas de guerras, pandemias, impérios que se ergueram e outros que foram destruídos —, até constatar que aquela árvore teria começado a crescer no final da Idade da Pedra ou início da Idade do Bronze. Nunca mais se perdoou: tinha cortado uma árvore com mais de 4900 anos, a mais antiga do mundo.