As emissões de gases com efeito de estufa (GEE) dispararam este ano, atingindo o valor mais alto desde 2015 — ano que em se assinou o Acordo de Paris — e a responsabilidade é sobretudo de três países: a China e a Índia, com a produção de eletricidade, e os Estados Unidos, com a produção de petróleo e gás.
Os dados foram publicados este domingo pela Climate TRACE, que monitoriza e rastreia as GEE, e mostram também que as emissões de metano (o principal responsável pela formação de ozono ao nível do solo) continuaram a aumentar, apesar do compromisso assumido na cimeira do clima COP26, em 2021: mais de uma centena de países, incluindo Portugal, prometeram reduzir as emissões deste gás em 30% até ao final da década.
Total de emissões entre 1990 e 2022
Gases com efeito de estufa em gigatoneladas por ano
O chamado “Compromisso Global de Metano” permitiria reduzir em pelo menos 0,2 graus Celsius o aquecimento global até ao ano de 2050. Além disso, evitaria também mais de 200 mil mortes prematuras e mais de 20 milhões de toneladas de perdas de colheitas por ano até 2030, de acordo com a Avaliação Global do Metano da Coligação Clima e Ar Limpo e do Programa das Nações Unidas para o Ambiente.
A Climate TRACE revela também que as minas de carvão da China foram responsáveis por grande parte do aumento das emissões de metano nos últimos dois anos. O carvão produz mais de metade da eletricidade na China e, no início do mês passado, este país, que é o maior emissor mundial deste gás com efeito de estufa, anunciou que iria reforçar a monitorização, comunicação e transparência destes dados.
Na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas que está a decorrer nos Emirados Árabes Unidos até ao dia 12 (COP28) pretende-se, entre outras metas, reduzir as emissões de combustíveis fósseis em cerca de 40% até 2030. No entanto, o presidente designado da COP28, Sultan Al-Jaber, disse que uma transição muito rápida dos fósseis seria voltar “à idade das cavernas”.
Depois destas declarações controversas, o mesmo responsável — que é o CEO da empresa estatal de petróleo Adnoc e também ministro da Indústria e das Tecnologias Avançadas dos EAU — recuou e defendeu, afinal, este domingo que os combustíveis fósseis devem ser progressivamente diminuídos e abandonados, para conter o aumento da temperatura global nos 1,5 graus Celsius relativamente ao período pré-industrial (o valor fixado no Acordo de Paris).