Crise climática

"A corrupção não é uma situação especial. É o dia a dia do sistema fóssil": ativistas climáticos atiram tinta contra Ministério do Ambiente

"Viemos mostrar o que todos viram esta semana: quem aperta as mãos com o sistema fóssil suja-se", dizem jovens da Greve Climática Estudantil, que começam nova onda de protestos nas escolas a partir da próxima segunda-feira

@gcelisboa (via Instagram) D.R.

Um grupo de jovens da Greve Climática Estudantil de Lisboa atirou tinta verde contra o edifício do Ministério do Ambiente na manhã desta sexta-feira.

“Este ministério não pode continuar a funcionar dentro da lógica de um sistema fóssil. A transição energética nunca vai acontecer nos termos de um sistema fóssil”, denuncia a porta-voz, Matilde Ventura, num vídeo divulgado nas redes sociais.

“A corrupção não é uma situação especial. É o dia a dia deste sistema. Há um mês denunciámos que o nosso Governo se sentava à mesa de negociação com a empresas fósseis para negociar a transição energética, para negociar o nosso futuro. Isso é um crime e parece que tínhamos razão”, defende.

"Viemos mostrar o que todos viram esta semana: quem aperta as mãos com o sistema fóssil suja-se", acrescenta a porta-voz num comunicado enviado às redações. "A corrupção é inevitável num sistema vergado às empresas, em que governos e instituições negoceiam o nosso futuro a troco de lucro".

Além da tinta, os jovens deixaram no Ministério um documento com as suas propostas. Para alcançar as metas do fim da utilização de combustíveis fósseis até 2030 e da transição para uma “eletricidade 100% renovável e acessível até 2025”, os ativistas pedem um serviço público de energias renováveis.

“Não aceitamos outros termos, não aceitamos os termos da indústria fóssil”, atira a porta-voz. “É a forma como desmantelamos o sistema fóssil e garantimos que o colapso político e climático acaba”.

"O Governo caiu, mas não vai haver paz até ao último inverno de gás. Qualquer que seja o governo, não vai haver paz: a crise climática não pára e o nosso futuro tem de ser assegurado. Sem futuro não há paz", apela o comunicado.

Para a próxima segunda-feira (13) está marcado o início de uma nova onda de protestos que quer “parar as escolas e instituições”. “As instituições e o sistema fóssil não vão ter paz até haver um compromisso com o nosso futuro”, prometem.

Este não é o primeiro protesto do género feito por movimentos de jovens ativistas climáticos. Em setembro, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, foi atingido com balões de tinta verde quando falava na CNN Portugal Summit. Um dia depois, os ativistas atiraram tinta vermelha contra a FIL, onde decorria um evento sobre o futuro da aviação. Há um mês, jovens da Climáximo atiraram tinta contra o acrílico que protegia uma pintura de Picasso no CCB.

Noutras ações, bloquearam várias estradas em Lisboa, nomeadamente a 2.ª Circular, estilhaçaram a fachada da REN e colaram-se num avião da TAP.