O grupo Sonae apresentou uma nova estratégia de sustentabilidade para quadriénio 2023-2026 onde garante que as novas decisões de gestão, como novos investimentos, vão passar a ser avaliadas tendo em conta critérios ESG (sigla inglesa para ambiente, responsabilidade social e governança). Num comunicado enviado ao Expresso SER, João Günther Amaral, membro da comissão executiva da empresa com o pelouro da sustentabilidade, afirma que “ao longo das últimas décadas, a Sonae tem sido pioneira ao assumir a sustentabilidade como uma prioridade e ao integrar políticas comuns e boas práticas nos negócios. É um caminho que temos feito com resultados positivos e, sobretudo, com aprendizagem e reconhecimento de que ainda há muito a fazer. Os atuais desafios da sociedade em matérias ESG são incontornáveis e todos precisamos de agir com urgência”.
Mas antes de fazer novas promessas e estabelecer novos objetivos para o próximo quadriénio, a empresa liderada por Cláudia Azevedo faz o balanço da estratégia que tinha sido delineada de 2019 a 2022 e garante que nesse período conseguiu melhorar a sua pegada ecológica, com as emissões de gases com efeitos de estufa a serem reduzidas em 24%. O grupo também aumentou para 80% o nível de embalagens plásticas recicláveis de produtos de marca própria, comprometendo-se que o plástico dos seus produtos será 100% reutilizável, reciclável ou compostável até 2025.
A Sonae, que é a única cotada na Euronext Lisbon que tem uma mulher na liderança executiva, refere que também promoveu na empresa políticas de igualdade e diversidade, “tendo alcançado antecipadamente, um ano antes do previsto, o objetivo de ter 39% dos cargos de liderança desempenhados por mulheres”.
E para o futuro? A nova estratégia de sustentabilidade está assente em cinco pilares estratégicos: gerir a empresa com critérios ESG, acelerar a descarbonização, valorizar a biodiversidade e a água, promover a circularidade e potenciar o desenvolvimento humano. Olhando à lupa para cada um desses cinco pilares, salta à vista o primeiro já que a Sonae garante que a partir de agora vai introduzir, de forma formal, critérios ESG nas decisões de investimento e de gestão. “A Sonae pretende liderar através de uma gestão responsável, ética e transparente, privilegiando requisitos ambientais, sociais e de governança na tomada de decisão ao nível do portefólio atual e futuro. Assim, a Sonae vai adicionar critérios ESG sistémicos na ‘due dilligence’ dos investimentos, procurando investir em negócios com elevados níveis de sustentabilidade”, lê-se no comunicado.
Numa entrevista por escrito ao Expresso SER, Sónia Cardoso, diretora de sustentabilidade do grupo, explica que se tratam de “princípios, compromissos e ações orientadoras que norteiam as empresas na integração da sustentabilidade no seu modus operandi. Neste pilar, vamos formalizar uma política de investimento responsável, que se traduz em procedimentos de avaliação e gestão de risco e de análises de due dilligence, que nos permitam tomar decisões de investimento sistémicas e mais fundamentadas”. Leia aqui a entrevista na íntegra.
Além de olhar para dentro de casa, a empresa também vai apertar os critérios na sua relação com os seus fornecedores, até porque está quase a chegar uma nova diretiva sobre este tema, a do dever de diligência. Esta diretiva estabelece regras sobre as obrigações das grandes empresas no que diz respeito aos efeitos negativos, potenciais ou reais, nos direitos humanos e no ambiente, no que diz respeito às suas próprias operações, às das suas filiais e às realizadas pelos seus parceiros comerciais. Sobre este tema, a Sonae assegura que quer ter cadeias de abastecimento social e ambientalmente responsáveis, “garantindo ao nível dos negócios processos robustos de avaliação dos seus fornecedores e parceiros com base em critérios ESG, e desenvolver planos de sensibilização e partilha de boas práticas a fornecedores e prestadores de serviços”. A empresa promete agir proativamente para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa de âmbito 3, ou seja, aquelas que são produzidas a montante e a jusante na sua cadeia de valor.
A nova estratégia de sustentabilidade mantém o objetivo que já tinha sido assumido de alcançar a neutralidade carbónica das suas operações até 2040. O grupo Sonae, recorde-se, tem negócios e interesses em várias áreas, que vão desde o retalho às telecomunicações, passando pela tecnologia, imobiliário e serviços financeiros. Em todas estas áreas, a empresa promete reforçar a aposta na investigação e desenvolvimento para acelerar a transição energética para fontes renováveis, “reduzindo a dependência de recursos fósseis e aumentando gradualmente a autonomia energética a partir de fontes renováveis”.
Em relação ao pilar da biodiversidade e da água, a empresa assume o compromisso “de contribuir para a proteção e restauro da natureza e dos seus ecossistemas (englobando solos, água potável e oceanos), atuando para evitar e reduzir os impactos das suas atividades empresariais, ao longo da cadeia de valor, nos ecossistemas naturais”.
Na nova estratégia de sustentabilidade, a holding diz ainda que vai apostar “forte” na economia circular. Como? “Promovendo novos modelos de produção e consumo em que os resíduos e a poluição são progressivamente eliminados, a vida dos produtos, subprodutos e materiais é prolongada e os sistemas naturais são preservados e regenerados”.
Finalmente, no pilar relativo ao desenvolvimento humano, a Sonae refere estar comprometida em dinamizar programas de educação para a comunidade enquanto promotores de igualdade de oportunidades, “onde se inclui a liderança do programa europeu R4E e a aceleração do programa nacional PRO_MOV, focados na requalificação para os empregos do futuro”.
Sonae garante que novos investimentos vão ser avaliados com critérios formais de ESG
A empresa liderada por Cláudia Azevedo diz que baixou a sua pegada carbónica em 24% nos últimos quatro anos, e atingiu a fasquia dos 39% de cargos de liderança desempenhados por mulheres. A empresa publicou a nova estratégia de sustentabilidade até 2026, onde prevê que os investimentos sejam decididos tendo em conta critérios formais de ESG