Dezenas de trabalhadores dos estaleiros de Viana concentraram-se esta noite à porta da empresa, exigindo a demissão do ministro da Defesa e apelando à "revolta" contra o encerramento daquela unidade.
"Não vamos permitir que os estaleiros sejam aniquilados, vamos lutar até às últimas consequências para que esta empresa continue a ser um pilar do desenvolvimento social e económico em Viana do Castelo, que sempre o foi e poderá continuar a ser", afirmou o porta-voz da comissão de trabalhadores, António Costa.
Numa conferência de imprensa, realizada pela comissão de trabalhadores à porta dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), para contestar a adjudicação da subconcessão dos terrenos e infraestruturas à Martifer, foram vários os insultos ao ministro da Defesa Nacional.
Falando em "premeditação" e na "entrega" dos estaleiros a privados, os trabalhadores estão contra a decisão hoje anunciada e prometem lutar contra o despedimento dos atuais 609 operários da empresa.
"Apelamos à revolta de todos os trabalhadores e de toda a população portuguesa contra este crime económico e social, que nada mais é do que um ajuste de contas com a classe trabalhadora", apontou António Costa.
30 milhões em indemnizações
Os 609 trabalhadores dos ENVC vão ser despedidos até janeiro de 2014, processo que vai custar ao Estado cerca de trinta milhões de euros em indemnizações, disse à agência Lusa fonte ligada ao processo de subconcessão.
Em causa está a adjudicação à Martifer da subconcessão dos terrenos e infraestruturas dos ENVC, hoje confirmada pelo grupo português, que anunciou ainda a criação, no período de três anos, de 400 postos de trabalho, mantendo a atividade de construção e reparação naval na região.
Por esta subconcessão, segunda a mesma informação, o grupo pagará 415 mil euros por ano, envolvendo a mesma "única e exclusivamente", a utilização dos terrenos, edifícios, infraestruturas e alguns equipamentos afetos.
O ministro da Defesa Nacional, José Pedro Aguiar-Branco, reúne-se esta quinta-feira com a comissão de trabalhadores dos estaleiros, encontro que servirá precisamente para abordar o futuro dos atuais operários.
O concurso da subconcessão, anunciado em abril pelo Governo, previa em paralelo o encerramento da empresa e o despedimento dos trabalhadores.
Esta foi a solução definida pelo Governo português depois de encerrado o processo de reprivatização dos ENVC, devido à investigação de Bruxelas às ajudas públicas atribuídas à empresa entre 2006 e 2011, não declaradas à Comissão Europeia, no valor de 181 milhões de euros.