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Faça-se luz: candeeiros que ficaram para a história

Ao longo da história do design acenderam-se muitas ideias brilhantes. Eis uma selecção dos "clássicos" icónicos na iluminação

Madalena Galamba

Antes de o homem pôr o pé na Lua, já o design fazia futurologia com propostas "cósmicas" como os candeeiros Moon (1960, Verner Panton) ou Eclisse (1965, Vico Magistretti). Estes dois objectos, que se tornariam clássicos, são bons exemplos de como o design pode estar "à frente", tão "à frente" que quando é bom se torna eterno.

A iluminação é, pelas características da tipologia, uma das áreas do design onde a experimentação é mais evidente, onde as inovações tecnológicas e de materiais são mais rapidamente absorvidas e cristalizadas numa forma. Talvez por isso seja um sector especialmente pródigo em "clássicos". E, aqui, os anos 60 do século passado, com a sua extraordinária capacidade aglutinadora, do racionalismo à contracultura, são campeões de fertilidade (a explosão do plástico também pode ter contribuído para o facto).

Para lá desta década, acendem-se ao longo da história do design muitas outras ideias luminosas, mas só algumas continuam a ser produzidas nos nossos dias. Como as esculturas de luz de Noguchi, dos anos 50, ou o candeeiro de braço Tizio, desenhado em 1971. São ícones do seu tempo e fora do tempo, que ainda hoje acendem paixões.

Moon Lamp

Verner Panton

O dinamarquês Verner Panton é responsável por algumas das imagens mais emblemáticas dos anos 60 do século passado e o candeeiro Moon (1960 e produzido pela Vitra) encaixa na perfeição nessa iconografia futurista e pop. Como o astro que o inspira, o candeeiro não é sempre o mesmo: ao deslocar os anéis, regula-se a intensidade da luz.

P.V.P.: €800, na Paris Sete

Tizio

de Richard Sapper

Desenhado em 1971 por um engenheiro, Richard Sapper, para outro engenheiro (foi encomenda de um dos fundadores da Artemide, o engenheiro aeronáutico Ernesto Gismondi), Tizio tira partido das leis da física e convence pela estética. Reduzido, elegante e equilibrado, Tizio utiliza um sistema de contrapesos que permite regular a altura e extensão do braço articulável com um toque de dedo.

Arco

de Achille e Pier Giacomo Castiglioni

O ícone dos ícones da iluminação, Arco foi desenhado pelos irmãos Achille e Pier Giacomo Castiglioni em 1962 (actualmente produzido pela Flos) para o seu estúdio de Milão, pois precisavam de uma fonte de luz magnânima, mas não podiam furar o tecto. Um candeeiro de rua adaptado a interiores, Arco é suficientemente alto para deixar passar uma pessoa de pé, e suficientemente próximo para iluminar uma secretária ou mesa de refeições. Um braço arqueado fixo a uma base de mármore de Carrara sustém um campânula perfurada que fica a 2m do chão. Arco "esconde" um pormenor de mestre: na base, inseriu-se um furo que, quando atravessado por um pau de vassoura, permite que duas pessoas levantem o candeeiro e o mudem de lugar.

P.V.P.: €1752, na Paris Sete

Akari

de Isamu Noguchi

As fabulosas esculturas de luz de Isamu Noguchi estão mais perto da poesia do que de qualquer outra coisa. Noguchi começou a trabalhar nelas no início dos anos 50, tendo produzido mais de cem modelos de candeeiros de tecto, de pé e de mesa (ou o que se quiser), todos feitos à mão. Noguchi pegou numa tradição japonesa - as "paredes" de papel de arroz Shoji, que filtram a luz e a vão atenuando progressivamente até ao interior da casa - e actualizou-a em objectos que suavizam a luz eléctrica. "Akari" é a palavra japonesa para luz e leveza.

P.V.P.: A partir de €668, na Paris Sete

Eclisse

de Vico Magistretti

A ideia base de Magistretti era conseguir uma regulação progressiva da luz e duas semiesferas rodando sobre um suporte giratório são o suficiente. A passagem do sol luminoso ao eclipse total faz-se com suavidade neste candeeiro com o tamanho adequado para uma mesa de cabeceira. Inicialmente produzido em metal esmaltado, Eclisse está na origem de Telegono, onde o mesmo princípio é desenvolvido num material especialmente querido a Magistretti: o plástico. Foi vencedor do prémio Compasso d'Oro em 1967

Bulb

Ingo Maurer

Foi a olhar para uma lâmpada suspensa de um fio a baloiçar no tecto de um quarto vazio que o jovem Ingo Maurer teve a ideia de fazer Bulb. Bulb (1966) é na realidade uma lâmpada dentro de uma lâmpada, sendo que a interior é cromada para expandir a luz. Para Maurer, Bulb "representa o casamento perfeito entre indústria e poesia".

P.V.P.: €996, na Paris Sete

(Texto publicado na Revista Única da edição do Expresso de 24 de Dezembro de 2009)