Tecnologia

Representação LGBTQ+ nos videojogos não vai além dos 2%

As receitas em videojogos superam os filmes e música em 62,4 mil milhões de euros, mas a aposta na representação da comunidade LGBTQ+ ainda é escassa

Marko Geber

Apenas 2% dos videojogos disponíveis nas plataformas online apresentam uma personagem que pertença à comunidade LGBTQ+, segundo um relatório da Aliança de Gays e Lésbicas contra a Difamação (GLAAD, na sigla inglesa), uma organização norte-americana que analisa como os media retratam esta comunidade.

O estudo verificou todos os jogos para Xbox (146), PlayStation (90), Nintendo (50), e Steam em novembro de 2023. No caso da plataforma Steam, existiam 2302 jogos disponível em inglês, mas o número diminuía para 1506 quando se retirava os jogos que continham “conteúdo sexual adulto”.

Esta é uma percentagem inferior quando se compara com 28% dos filmes lançados em 2022 e 11% das personagens de televisão do horário nobre entre 2022 e 2023, de acordo com outros relatórios da mesma associação. Uma falta de investimento, mesmo quando as receitas de 2021 de videojogos ultrapassam largamente as receitas de filmes e música. Os videojogos arrecadam 179, 3 mil milhões de euros, enquanto os filmes e música juntos lucram 116.9 mil milhões de euros, segundo a Statista.

Dos jogadores LGBTQ+ entrevistados para o relatório da GLAAD, 72% disseram que ver personagens com a sua identidade de género e/ou orientação sexual bem representadas os faz sentir melhor e quase 70% admitiu que gostava de ver mais histórias LGBTQ+ nos jogos.

Um em cada cinco jogadores norte-americanos identifica-se como LGBTQ+, o que representa um aumento de 10% face ao relatório de 2020 da Nielsen Games. Embora a crescente comunidade, 52% disse já ter sido vítima de assédio enquanto jogava online, em comparação com 38% dos jogadores não-LGBTQ+.

Bons exemplos de representação

Apesar da escassa representação de quem é LGBTQ+ nos videojogos, são vários os jogos que possuem personagens desta comunidade ou que permitem a personalização da sexualidade e pronomes dos personagens.

O “Life is Strange”, por exemplo, inclui personagens de diferentes sexualidades; já o “Hades” foi vencedor de vários prémios e conta com um protagonista bissexual; e “Tell Me Why” foi um dos primeiros videojogos desenvolvido por uma grande empresa com uma personagem principal transgénero.

“The Last of Us” - entretanto adaptado para série televisiva pela HBO - acabou por ser tornar no primeiro jogo de grande sucesso com uma protagonista lésbica, e há também franchises que evoluíram ao longo da sua história, transformando-se em bons exemplos: “The Sims 4” já possui a possibilidade de personalizar a sexualidade e os pronomes.

No campo da simulação “Stardew Valley” é um jogo de simulação com a opção de escolha da sexualidade, enquanto “If Found…” se destaca pelo foco nas relações de uma mulher transgénero. Já “Unpacking” é um puzzle onde o jogador acompanha a vida de uma mulher a desempacotar objetos em diferentes fases da sua vida, passando pela descoberta da sua bissexualidade.