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A inteligência artificial e a solidão: pode um robô fazer companhia aos mais velhos? “É apenas uma imitação, mas se não tivermos ninguém...”

Os fenómenos de isolamento social pioraram no pós-pandemia covid-19 e afetam maioritariamente os mais velhos. O avanço tecnológico tem vindo a permitir a criação de ferramentas de inteligência artificial (IA) para os combater, mas em alguns casos os utilizadores ficam “prisioneiros” desta mesma ferramenta. O Expresso conversou com dois especialistas para perceber a utilidade da tecnologia no combate à solidão

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O fenómeno da solidão tem crescido, especialmente desde a pandemia de covid-19, em paralelo com o crescimento tecnológico da Inteligência Artificial (IA). E a junção da IA com a robótica tem produzido pequenas maravilhas no combate a uma condição que a OMS já declarou como uma ameaça premente à saúde global.

Um destes trabalhos é o robô social Nadine, alimentado por IA e com gestos e expressões semelhantes aos humanos, que “está disponível 24 horas por dia” e que já foi utilizado em Singapura, para assistir os idosos. A sua criadora, Nadia Magnenat Thalmann, da Universidade de Genebra (Suíça), disse, em entrevista ao Expresso, que espera que no futuro a IA seja utilizada em conjunto com a robótica para criar humanóides que serão “capazes de trazer coisas, de verificar se alguém está bem, se caiu, e de debater sobre os seus interesses".

“É mais do que IA. Claro que há IA no interior, porque um robô é um computador, mas não é só IA”, explica. Nadine foi construída para que não analisasse apenas a linguagem dos utilizadores, mas também para os reconhecer, através dos seus gestos e feições: “Ela precisa de compreender os gestos e o ambiente que os rodeia, como é que eles se comportam em termos de expressão facial. Ou seja, não é só a fala, é a imagem, a compreensão da palavra visual. É como nós, que temos de compreender o que está à nossa volta”. Um exemplo: Nadine pode jogar bingo com os utentes do lar.