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A inteligência artificial pode ser Deus? “Eu poderia chamar-lhe diabo… Certamente será algo mais poderoso do que a espécie humana”

Em abril, Stuart Russell, professor de ciências de computação na Universidade da Califórnia e um dos grandes especialistas mundiais em inteligência artificial, lançou um alerta: a tecnologia que parece promissora pode também acabar com a civilização, por isso os governos devem regulá-la - e a janela de oportunidade para o fazer é de cerca de um ano. Nesta entrevista com o Expresso, depois de assinar uma carta aberta endossada também por Yuval Noah Harari, Elon Musk, Yoshua Bengio e Geoffrey Hinton, garante que as tecnológicas não sabem o que estão a fazer ou sequer porque o ChatGPT funciona, limitando-se a aumentar a sua escala. Se o funcionamento não é compreendido, também não há como prever os seus efeitos

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É hora de parar para regular, assegura Stuart Russell, uma das figuras mais proeminentes da inteligência artificial. Os riscos para a espécie humana, ilustra o perito, podem apenas parcialmente ser compreendidos se se analisar que os informáticos não têm ideia de como operam chatbots como o ChatGPT. Há ainda os perigos que não é possível prever: “Nos algoritmos das redes sociais, existe algo chamado sistema de recomendação. É fundamental para todas as plataformas, porque basicamente decide o que nós vemos, no Twitter, no Facebook, e assim por diante. Portanto, controla a ingestão cognitiva de vários milhares de milhões de seres humanos.”