Segurança

Protestos: PSP nega arrombamento de casa e fala em polícias feridos, dois cidadãos esfaqueados, veículos e autocarros roubados e incendiados

A PSP faz o balanço de uma noite de protestos que se alargaram por alguns pontos da grande Lisboa. As autoridades também garantem que entraram apenas numa casa “em apoio aos Bombeiros Voluntários da Amadora para apoio médico a uma criança”

MIGUEL A.LOPES

A PSP fez o balanço de uma noite de protestos que se alargou em vários pontos da grande Lisboa, tendo registado “60 ocorrências de “desordem e incêndio em mobiliário urbano” nos “concelhos de Lisboa, Amadora, Oeiras, Odivelas, Loures, Cascais, Sintra e Seixal”. Na sequência dos acontecimentos, a PSP “deteve 3 suspeitos da prática dos crimes de dano qualificado e ofensa à integridade física qualificada”.

Além disto, garante a PSP em comunicado, registaram-se ainda “dois polícias feridos na Amadora e em Oeiras (por arremesso de pedras); duas viaturas policiais danificadas (uma com quebra de vidro e outra baleada); dois autocarros da Carris roubados e incendiados; 8 veículos ligeiros de passageiros incendiados; um motociclo incendiado; dois cidadãos (passageiros de um dos autocarros incendiados) vítimas de esfaqueamento, ainda que sem gravidade, alegadamente pelos indivíduos que roubaram e incendiaram a viatura pesada de passageiros; inúmeros caixotes de lixo incendiados, assim como outro mobiliário urbano”.

Além disso, a PSP “nega categoricamente o arrombamento de quaisquer portas”, contrariando os testemunhos de vizinhos da família de Odair Moniz baleado pela PSP na Cova da Moura, Amadora, que acusam a polícia de ter entrada na casa da vítima terça-feira à noite “sem qualquer justificação”.

"A polícia invadiu a casa do morto. Eu estava na porta. Empurraram a porta e depois corri para a sala e depois a senhora (viúva) levantou a fotografia (de Odair Moniz)", declarou Delfina, moradora no bairro do Zambujal, à agência Lusa.

Esta testemunha mostrou à Lusa um ferimento no braço esquerdo, alegadamente por ter tentado fechar a porta aos "agentes da polícia". A vizinha de Odair Moniz disse ainda que se dirigiu ao apartamento para apresentar os pêsames à família. "Não sei a que horas foi", afirmou referindo-se à noite de terça-feira.

"Relativamente à notícia veiculada de entrada de polícias em habitações no Bairro do Zambujal, a polícia informa que ocorreu apenas a entrada numa casa, que não a que está referida nas notícias veiculadas [casa da vítima mortal], em apoio aos Bombeiros Voluntários da Amadora, que se deslocaram ao local para apoio médico a uma criança e por solicitação da família".

A PSP "nega categoricamente o arrombamento de quaisquer portas".

Também o Bloco de Esquerda (BE) questionou hoje o Ministério da Administração Interna sobre uma alegada invasão pela PSP da casa de Odair Moniz, baleado mortalmente na madrugada de segunda-feira na Amadora, pedindo esclarecimentos sobre o episódio relatado pela família e advogada.

Na pergunta, dirigida à ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, é referido que vários órgãos de comunicação social divulgaram que "a casa da família de Odair Moniz foi invadida, na noite de ontem [terça-feira], por agentes da PSP encapuzados e fortemente armados".

"Segundo foi relatado, seriam cerca de 15 os agentes que se aproximaram do apartamento e arrombaram e destruíram a porta, tendo três dele entrado na casa. Já no interior, os agentes terão destruído mobília e agredido duas pessoas, uma rapariga de 19 anos e um amigo da família estava no interior. Terá sido a companheira de Odair quem conseguiu que os agentes saíssem do apartamento, sendo que a PSP terá voltado cerca de uma hora depois. Nessa altura, já a advogada da família se encontrava no apartamento", lê-se no texto.