Saúde

Médicos em greve: “Todo o transtorno causado é responsabilidade do Ministério da Saúde, que nada fez para negociar connosco”

A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) inicia esta terça-feira uma greve geral de dois dias e uma paralisação ao trabalho suplementar nos cuidados de saúde primários que durará até 31 de agosto, acusando a tutela de “intransigência e inflexibilidade”

RUI DUARTE SILVA

No primeiro dia da greve geral convocada pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam), Joana Bordalo e Sá esteve à porta do Hospital de São João, no Porto, onde exigiu ao Ministério da Saúde uma "negociação séria e competente", prometendo continuar a luta para além dos dois dias de paralisação marcados, caso o "grito de alerta" não seja ouvido.

"Não vamos entrar numa guerra de números, mas certamente haverá consultas e cirurgias programadas adiadas e todo transtorno causado por isto é responsabilidade do Ministério da Saúde de Ana Paula Martins que nada fez para negociar connosco", disse à Lusa Joana Bordalo e Sá.

À porta do Hospital de São João, no Porto, onde dezenas de médicos começaram a concentrar-se pela manhã, e onde se aguardava a chegada de um autocarro com profissionais do distrito de Viana do Castelo, a líder da Fnam disse que a Fnam "não foi contactada pelo Governo recentemente" e acusou o Governo de ser "intransigente".

"Se este nosso grito de alerta não for ouvido e se o Ministério da Saúde não tiver essa razoabilidade e bom senso, a Fnam terá de continuar a lutar porque nós não desistimos de defender os 31.000 médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), dos quais 10.000 são internos e sobretudo um SNS com médicos", disse.

Ainda sem números de adesão à greve, mas com expectativas "muito altas", Joana Bordalo e Sá repetiu que cabe ao Governo decidir "se quer finalmente negociar de forma séria ou se quer ter um SNS a ruir".

"Queremos arrancar com uma negociação séria, competente e que sirva a população. Há uma grande revolta na classe médica tendo em conta toda a intransigência do Governo (...). Obviamente que uma greve tem feitos que ninguém quer ver", completou.

Entre as reivindicações da Fnam consta a reposição do período normal de trabalho semanal de 35 horas e a atualização da grelha salarial, a integração dos médicos internos na categoria de ingresso na carreira médica e a reposição dos 25 dias úteis de férias por ano e de cinco dias suplementares de férias se gozadas fora da época alta.

A Fnam tem hoje concentrações agendadas no Porto, junto ao Hospital São João, em Coimbra, no Hospital Geral dos Covões, e em Lisboa, em frente ao Hospital de Santa Maria.