O diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que esta terça-feira efetivou o seu pedido de demissão, recusou no Parlamento revelar os motivos concretos que ditaram o seu afastamento. Na Comissão Parlamentar de Saúde, Fernando Araújo disse aos deputados que nunca revelou o conteúdo de reuniões com elementos do Governo ou das várias instituições do SNS e, assim sendo, também não o fará sobre os encontros, poucos, que teve com a ministra da Saúde, mantendo o “respeito institucional”.
Fernando Araújo, agora substituído por um militar, António Gandra D’Almeida, assegurou aos deputados que a reforma iniciada está a ter resultados melhores do que os esperados nesta fase e que foi a sua equipa que conseguiu pô-la em marcha, apesar de defendida há décadas.
O antigo CEO confessou ainda que a tarefa de nomear as administrações das novas unidades locais de saúde (ULS) atribuída pelo anterior governo foi, na verdade, “um fardo”, dada a complexidade de indicar um número tão elevado de dirigentes com a competência necessária. E foi perentório: “Nunca nomeei ninguém sob indicação política ou pressão da Comunicação Social.”
Fernando Araújo esclareceu que ainda estão por nomear as administrações de quatro ULS e que após as eleições legislativas não foi feita qualquer nomeação de dirigentes do SNS. Em causa, a incerteza dessas nomeações perante a tomada de posse de um novo Governo.
Sobre o plano de resposta para os meses de verão, António Araújo foi igualmente claro. “Quando entrou o novo Governo e a nova ministra, tínhamos um plano preparado para o verão e para o próximo inverno, mas, na verdade, não o quisemos apresentar e explicámos isso à ministra. Não fazia sentido aplicar uma fórmula quando havia vontade de aplicar uma reforma diferente e a ministra aceitou.”
E acrescentou: “Expliquei que não fazia sentido apresentar um plano que não iríamos acompanhar. É um trabalho complexo, que tem de ser acompanhado ao dia. No verão falava mais com o INEM do que com o meu filho”, desabafou
Ministra sabia dos encerramentos
O CEO do SNS que esta terça-feira deixou de o ser quis ainda repor a veracidade de alguns factos, embora recusando entrar em detalhes. Em causa o anúncio feito no início da semana pelos administradores do hospital de Viseu de que a Urgência Pediátrica vai encerrar todas as noites do mês de junho.
A Direção-Executiva não foi informada previamente porque estando demissionária não tinha de o ser, mas Fernando Araújo garantiu aos deputados que a ministra não foi surpreendida pelo anúncio. “Sobre Viseu, quero deixar um pouco de verdade no processo. O plano de verão para os meses de verão foi enviado ao Ministério a 14 de maio”, portanto, “sabia do problema que existe”.