Já se previa e confirmou-se: falhou mais uma tentativa de acordo negocial entre o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o ministro da Saúde. Na manhã desta sexta-feira, os dirigentes sindicais levaram uma nova proposta conjunta a Manuel Pizarro que insiste na valorização do salário base, no acesso generalizado a um regime laboral menos penoso e na redução dos turnos nas urgências, na prática, as exigências a que o Governo diz não ter margem para ceder sem com isso pôr em causa os cuidados assistenciais aos portugueses.
E é precisamente a assistência do SNS à população que sem um acordo fica mais próxima da situação “catastrófica” prevista para novembro pelo próprio diretor-executivo do SNS. Centenas de médicos vão estar ausentes dos serviços, sobretudo das urgências com a entrada em efeito das minutas de recusa ao trabalho extra excessivo. Os médicos não abdicam de um aumento de 30%, da opção pelas 35 horas semanais e por ‘bancos’ de 12 horas no atendimento SOS.
O documento conjunto do SIM e da FNAM foi preparado na véspera, ele próprio de difícil consenso, e permite, ainda assim, a possibilidade de as medidas serem faseadas. E este é um passo em frente do lado dos sindicatos que cabe agora a Manuel Pizarro decidir se acompanha ou não. O ministro está numa corrida contra o tempo, novembro tem início na próxima quarta-feira, e por isso volta a sentar-se à mesa com os sindicatos já na tarde de domingo.
E agora Manuel Pizarro tem novas dificuldades. Depois da greve geral de enfermeiros anunciada para 10 de novembro, há o aviso de um protesto ao trabalho extraordinário também a partir da próxima semana, até ao final do ano, e a contestação dos médicos de família às condições exigidas pela dedicação plena, aprovada unilateralmente pelo Governo e promulgada “com reticências” pelo Presidente da República.