Governo e sindicatos médicos vão reatar as negociações na próxima quinta-feira. O encontro, ao início da tarde, foi agendado pelo gabinete ministerial, depois de o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, ter recuado na decisão unilateral de encerrar as rondas para a revisão das carreiras médicas. O protesto ao trabalho suplementar já com a adesão de mais de dois mil clínicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) forçou a tentativa de entendimento.
Com as urgências do SNS com grandes constrangimentos um pouco por todo o país, a reunião com os líderes sindicais acontece depois de Manuel Pizarro ter recebido o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, na semana passada. O bastonário receia as consequências do atual ‘estado crítico’ em que se encontra o SNS e tem tentado forçar a reaproximação de Manuel Pizarro com Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), e Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
Governo e sindicatos vão tentar, uma vez mais, chegar a acordo sobre as carreiras médicas, desde logo, sobre a valorização salarial. Os profissionais exigem um reforço próximo dos 30% no valor base, mas Manuel Pizarro insiste em aumentar os médicos através de incentivos, que até são superiores à percentagem definida pelas estruturas sindicais. Nos casos dos cuidados primários ultrapassa os 60% e os 20% na área hospitalar, no entanto, em troca de uma carga horária superior e de mais horas extraordinárias, com um limite anual a aumentar de 150 para 250.
Os médicos não concordam e após 16 meses de reuniões infrutíferas, terminadas unilateralmente pelo ministro, endureceram o protesto às horas extraordinárias. Neste momento, o movimento Médicos em Luta tem mais de cinco mil subscritores, com mais de dois mil que já entregaram minutas de recusa a mais trabalho suplementar.
Com o SNS ‘preso por arames’, o diretor-executivo do SNS, Fernando Araújo, chamou mais de 150 profissionais e 40 administradores hospitalares para fazer um ponto de situação e um plano de contingência. No sábado, a maratona de trabalho terminou com um apelo à necessidade de os hospitais trabalharem mais em rede e à hipótese de a Direção-Executiva do SNS avançar com urgências gerais rotativas, à semelhança do que vem fazendo para o SOS em obstetrícia, blocos de partos e pediatria.