Usar uma lareira ou um fogão a lenha no interior da habitação pode aumentar o risco em 43% de uma mulher desenvolver cancro nos pulmões, segundo um estudo publicado pelo jornal britânico “The Guardian”. A investigação foi elaborada pelo Sister Study, uma investigação norte-americana que analisa a saúde de 50.000 mulheres norte-americanas com cancro da mama.
Quem utilize seja a lareira seja o forno a lenha por mais de 30 dias por ano, possui 68% mais probabilidade de desenvolver cancro do pulmão, quando em comparação com quem não queima lenha no interior da habitação.
Os resultados baseiam-se no acompanhamento da saúde de mulheres durante cerca de 11 anos. Durante esta análise, quase 350 das participantes foram diagnosticadas com cancro do pulmão, das quais 289 eram fumadoras ou ex-fumadoras e 58 não o eram. Isto confirma que apesar da descoberta, o tabagismo continua a ser o principal fator de risco responsável pelo cancro do pulmão.
"Até mesmo a queima ocasional de madeira em fogões e lareiras no interior pode contribuir para o cancro do pulmão em populações onde a queima de madeira no interior não é a fonte de combustível predominante para cozinhar ou aquecer dentro de casa.", afirmou ao “The Guardian” Suhil Mehta, autor principal do estudo.
A Agência Internacional para a Investigação do Cancro já tinha classificado, há 17 anos, o fumo proveniente da queima da madeira como possivelmente cancerígeno.
Em Portugal, a Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2022-2050, documento do Governo, estima que entre 1,8 e 3 milhões pessoas vivem em situação de pobreza energética. Destas, entre 660 e 680 mil estão em situação de pobreza energética severa, pelo que a lenha continua a ser o meio de aquecimento mais utilizado em meios rurais.