Saúde

Ministro da Saúde defende realização de consultas de interrupção voluntária da gravidez nos centros de saúde

“Não há hoje nenhuma boa razão para que muitos centros de saúde não possam fazer consultas de interrupção voluntária da gravidez”, afirmou Manuel Pizarro, em entrevista à RTP. Declarações surgem depois de um relatório da Entidade Reguladora da Saúde ter concluído que existem falhas na resposta aos pedidos

Ministro da Saúde, Manuel Pizarro
RODRIGO ANTUNES/LUSA

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, considera que as Unidades Locais de Saúde (ULS) devem ter a possibilidade de realizar consultas para responder aos pedidos de interrupção voluntária da gravidez.

“Temos de mudar o modelo organizativo. Não há hoje nenhuma boa razão para que muitos centros de saúde não possam fazer consultas de interrupção voluntária da gravidez”, afirmou o ministro em entrevista à RTP, na quarta-feira à noite.

“No setor público, a esmagadora maioria dos casos é tratada com medicamentos e isso não precisa da intervenção de um hospital. É um caso em que a organização das ULS pode permitir, confortavelmente, descentralizar um pouco a interrupção voluntária da gravidez, aproximá-la das pessoas”, acrescentou Pizarro.

As declarações surgem depois de um relatório da Entidade Reguladora da Saúde ter concluído que existem falhas na resposta aos pedidos, nomeadamente o dado que mostra que apenas 29 dos 42 hospitais acreditados para realizar o procedimento o estão a aplicar.

O ministro referiu ainda que, “muitas vezes, o problema é haver uma percentagem muito grande dos profissionais de um serviço serem objetores de consciência”, algo que diz ter de “respeitar”. De acordo com o “Diário de Notícias”, há 993 objetores e apenas 81 médicos obstetras e ginecologistas disponíveis para realizar interrupções de gravidez.

Na mesma entrevista à RTP, Pizarro garantiu abertura nas negociações com os médicos. “Estamos sempre disponíveis para o diálogo, embora também seja preciso dar passos em frente. Apesar de não ter havido acordo, a minha sensação objetiva é que há muitas matérias em que nos aproximámos”, defendeu.