Saúde

Governo anuncia nova organização nos hospitais

Especialistas hospitalares vão poder constituir equipas autónomas para assegurar cuidados nas urgências, saúde mental e medicina interna

RUI DUARTE SILVA

Em conferência de imprensa resultante do Conselho de Ministros, Manuel Pizarro anunciou uma nova organização dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Depois da área cirúrgica, o Governo vai avançar com equipas autopropostas para assegurar cuidados à população nas urgências, saúde mental e medicina interna nos hospitais do SNS. A extensão dos Centros de Responsabilidade Integrados (CRI) até agora limitados às intervenções cirúrgicas, os poucos que existem, poderá avançar ainda este ano.

Os médicos que venham a constituir as novas unidades CRI ficam obrigados à dedicação plena e as às condições assim exigidas, beneficiando, no entanto, do modelo de remuneração por desempenho. O mesmo é válido para a medicina geral e familiar, com a generalização das unidades de saúde familiar do modelo B.

Nas contas do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, só com a adesão à dedicação plena, os clínicos terão um reforço superior a 33% nos cuidados primários e a 60% nos hospitais. Valores a que se somarão os incentivos pela produtividade e qualidade da prestação assistencial aos utentes.

Com 16 anos de experiência, o modelo USF será disseminado mais rapidamente, por forma a que todas as unidades de cuidados primários do SNS funcionem por desempenho, com tipologia B, a partir do próximo ano. Na versão hospitalar dos CRI, a evolução será mais lenta. Manuel Pizarro sublinhou que “a generalização será mais limitada dado o trabalho de natureza técnica que é necessário”, desde logo, ter quem queira formar “equipas multiprofissionais autodesignadas”, como lhes chama o governante.

O Governo sabe que a possibilidade de trabalhar com autonomia dentro do hospital público é um fator de atração dos profissionais, desde os médicos aos secretários clínicos e restantes elementos das equipas. Além da remuneração mais atrativa, há capacidade para melhorar a organização, adaptar os horários ou até renovar as instalações onde os cuidados são prestados. O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central tem um CRI para cirurgias em trauma no Hospital de São José e há inclusive médicos do setor privado que já pediram para fazerem parte da equipa.