Rui Tato Marinho, diretor clínico do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, revelou que, nos últimos anos, se tem registado um aumento das queixas na obstetrícia no Santa Maria. Estas reclamações estão sobretudo motivadas por processos de interrupção de gravidez: em 2020, houve 83 reclamações; no ano seguinte, 97 e em 2022 somaram-se 126; em 2023, já foram contabilizadas 77.
A nota negativa das utentes foi dada na Comissão Parlamentar de Saúde onde Tato Marinho afirmou, ainda, que a atividade assistencial na obstetrícia diminuiu, contradizendo as declarações feitas na sessão anterior pelo exonerado diretor do departamento, Diogo Ayres de Campos.
Aos deputados, o atual diretor clínico explicou que os resultados assistenciais que Ayres de Campos garantiu ter cumprido não foram, afinal, os que descreveu na comissão parlamentar: “A atividade diminuiu 20%”, afirmou Tato Marinho.
Em concreto, verificou-se uma redução de 21,7% no total das consultas, primeiras e subsequentes, no acumulado em junho face ao mesmo período do ano passado. Incluem-se consultas de enfermagem pré-natal, medicina fetal, pós-parto tardio, consultas pré-natal, entre outras. No caso da IVG, a quebra foi de 46%. Os 1094 atendimentos em 2022 passaram a 595 neste verão.
Na audiência, Rui Tato Marinho, a presidente do centro hospitalar, Ana Paula Martins, e o enfermeiro diretor, José Alexandre Abrantes, contradisseram Diogo Ayres de Campos ainda noutro aspeto: a maternidade tem mesmo de fechar devido às obras. Os responsáveis descreveram as intervenções principais, a complexidade e até os riscos de ter bebés a nascer entre “barulho”, “poeiras”, “pessoas a entrar e a sair”.
“A ideia de alargar as obras (face ao plano inicial, que mantinha a capacidade e melhorava as infraestruturas) é para fazer face às novas décadas, daí incluir também a neonatologia, e poder aumentar ou diminuir a capacidade conforme as necessidades do Serviço Nacional de Saúde.”