As instâncias disciplinares da Ordem dos Médicos vão analisar a assistência dada na urgência do Hospital de Portimão à jovem golpeada no pescoço pelo ex-namorado e que viria a morrer após um agravamento do quadro clínico. O caso remonta a junho passado e envolveu a médica interna de cirurgia geral que dois meses antes tinha acusado de mais de uma dezena de casos de má prática o diretor do serviço, como “conivente”, e o orientador da sua especialização no Hospital de Faro.
O caso foi avançado pelo Expresso na passada edição e teve resposta imediata do bastonário da Ordem dos Médicos. Carlos Cortes explica que “logo no dia, ou no seguinte" ao da publicação da notícia, enviou os elementos para o Conselho Disciplinar Regional do Sul, para "analisar” o processo. E acrescenta: “A médica pertence à secção Norte, mas os factos ocorrem no Sul.”
Em causa está a assistência prestada à jovem no dia 15 de junho em Portimão e à alta para o domicílio. A vítima acabaria por ser readmitida no dia 22 com um desfecho fatal, já num hospital em Lisboa. Interna de cirurgia geral, Diana Pereira consta nos registos hospitalares como a médica de cirurgia geral que avaliou o esfaqueamento da jovem a pedido do clínico geral, sem especialidade, que a recebeu nas urgências e que pediu ajuda à equipa cirúrgica dada a natureza do caso clínico.
Nos registos da vítima, Diana Pereira consta como a responsável pela alta da cirurgia geral, ao referir “sem cuidados adicionais por parte da cirurgia geral”. Ou seja, dando indicação aos colegas de serviço nas urgências que a situação estava, por ali, resolvida.
Ao Expresso, Diana Pereira afirmou esta segunda-feira que é o seu nome que consta, enquanto elemento da cirurgia geral, quase por mero acaso. Calhou ser ela a fazer o registo clínico, tarefa dividida entre os elementos da equipa.
“Não observei a jovem sozinha, estava com outra interna, de outro ano, e com uma especialista. Só escrevi, só fiz o registo no sistema.” Perante o desfecho fatal do caso e das denúncias feitas ao Expresso de erro no diagnóstico, a médica faz um desabafo: “A única coisa incorreta que fiz, foi não escrever no registo que o fiz com outros elementos.”