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Saúde

“Estamos a ser empurrados para fora do SNS e daqui a nada para fora do país”: o grito dos médicos no primeiro dia de greve

Os médicos não aceitam ganhar mais 20% quando consideram que “a moeda de troca é a perda de direitos”. Por isso, saem à rua naquele que é o primeiro de dois dias de greve a antecederam dois dias de negociação com o governo. Na manhã desta quarta-feira, no Hospital de São João, no Porto, houve 90% de paralisação dos blocos operatórios

Rui Duarte Silva

Passava pouco das dez da manhã e Manuel abandonava rabugento o hospital com o amigo que o acompanhava. Veio de Felgueiras, a 50 quilómetros dali, para um exame marcado para a hora certa. “Vinha a chegar à portagem e ligaram-me do hospital a dizer que os médicos estavam em greve e que tinha de ser remarcada”.

A sua ida ao Porto resultou apenas numa viagem de regresso sem o problema resolvido, junta com uma manhã ocupada em vão. E foi quando regressava ao carro que os cerca de uma centena de médicos reunidos à porta do Hospital de São João começaram a exaltar os cartazes e as vozes, em gritos, para as câmaras de televisão. “O povo merece o SNS”, ouvia-se.

Os médicos anunciaram e cumpriram: a proposta que o governo lhes entregou no final do mês passado seria insuficiente para os impedir de avançar com os primeiros dois dias de greve, nestas quarta e quinta-feira.