Passava pouco das dez da manhã e Manuel abandonava rabugento o hospital com o amigo que o acompanhava. Veio de Felgueiras, a 50 quilómetros dali, para um exame marcado para a hora certa. “Vinha a chegar à portagem e ligaram-me do hospital a dizer que os médicos estavam em greve e que tinha de ser remarcada”.
A sua ida ao Porto resultou apenas numa viagem de regresso sem o problema resolvido, junta com uma manhã ocupada em vão. E foi quando regressava ao carro que os cerca de uma centena de médicos reunidos à porta do Hospital de São João começaram a exaltar os cartazes e as vozes, em gritos, para as câmaras de televisão. “O povo merece o SNS”, ouvia-se.
Os médicos anunciaram e cumpriram: a proposta que o governo lhes entregou no final do mês passado seria insuficiente para os impedir de avançar com os primeiros dois dias de greve, nestas quarta e quinta-feira.