Compreender o significado e a utilidade das emoções, “não as bloquear, por mais dolorosas que sejam”, e aprender estratégias para manter a calma em momentos de maior stress e sofrimento. Mas também dar resposta a "lacunas" do SNS no que diz respeito ao apoio psicológico que é dado aos adolescentes e professores. São estes os objetivos do programa de promoção de bem-estar mental implementado pela Unidade de Psicologia Clínica Cognitivo - Comportamental (UPC³) da Universidade de Coimbra e a EPIS - Empresários Pela Inclusão Social, que teve início em 2022 e termina em 2026. "As escolas têm uma noção muito clara de que quer os professores, quer os alunos, precisam de ser ajudados nesta dimensão da saúde mental, e que não há respostas na comunidade", explica Daniel Rijo, membro do Conselho Executivo da UPC³. Na primeira fase do programa, financiado pela Z Zurich Foundation, participaram quase 20 mil alunos, mais de 1000 docentes e cerca de 700 assistentes operacionais de mais de 100 escolas públicas, assim como centenas de famílias, segundo o balanço feito ao Expresso. A segunda fase arranca em setembro deste ano.
Estudos recentes mostram um aumento dos problemas de saúde mental nos jovens. Foi por isso que decidiram avançar com este projeto?
De facto, foram realizados vários estudos em Portugal que apontam para um agravamento dos problemas psicológicos ou, pelo menos, a necessidade de intervir a este nível nos adolescentes. A adolescência, por tudo aquilo que implica, como a autonomia em relação à família, a construção de um sentido de identidade e a integração em grupos, é uma idade fértil para o aparecimento de problemas de regulação emocional e patologias psiquiátricas. A maior parte dos adolescentes apresenta algumas dificuldades em termos de regulação emocional, bem-estar psicológico e satisfação com a vida, o que significa que é importante atuar nestas faixas etárias. Não só para que estes jovens se sintam mais apoiados, mas para prevenir futuros problemas.