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Migrações

“O meu tio ia obrigar-me a combater”: Karoh fugiu do Curdistão iraquiano e a UE expulsou-o sete vezes

A história de um menor de 15 anos que não quis lutar ao lado do tio por uma independência que não só é pouco provável como não iria modificar assim tanto, na sua opinião, a vida dos curdos no Iraque. Quando chegou às portas da Europa, foi tratado com a violência fronteiriça sobre a qual não faltam investigações e relatórios. Foi expulso sete vezes, depois encontrou o seu lugar

Karoh, um refugiado curdo, fotografado junto ao seu carro, que adquiriu com o dinheiro do seu trabalho na Sérvia, onde gere um bar e ainda faz traduções para o ministério das migrações

O Curdistão iraquiano não é sítio fácil para viver, mas é “melhor do que outros curdistões”. Karoh diz esta frase, ri-se e pede desculpa. Pergunta se sabemos o que quer dizer com “curdistões”. Sim, são as zonas habitadas maioritariamente por curdos, mas que ficam dentro de outros países soberanos: Síria, Iraque, Turquia e Irão. Em nenhum deles os curdos têm exatamente os mesmos direitos que a restante população. Karoh Pishtewan, de 23 anos, barba farta mas bem recortada, acena com a cabeça. Está a pedir “sorry” pelo “inglês não muito OK”.

Vai a conduzir o seu carro descapotável enquanto fala com o Expresso. Tem um dia de folga e está a caminho do campo de refugiados nos arredores de Belgrado, capital da Sérvia, onde vive, para levar cigarros e comida mais saborosa do que a do campo a um amigo que foi levado para o centro de detenção e expulsão, o que quer dizer que o seu pedido de asilo não foi aceite pelas autoridades sérvias. “Vou arranjar-lhe um advogado, acho que há boas hipóteses de ele vir cá para fora de novo. O Afeganistão é um sítio muito perigoso.”