Meteorologia

Calor agravado pelos combustíveis fósseis matou 50 mil pessoas na Europa

Em 2023, a taxa de mortalidade ligada ao calor foi mais elevada, respetivamente, na Grécia, em Itália e em Espanha, de acordo com um estudo publicado na revista ‘Nature Medicine’

NUNO VEIGA/LUSA

As temperaturas altas, exacerbadas pela queima de combustíveis fósseis, provocaram 50 mil mortes na Europa em 2023, segundo um estudo recentemente publicado na revista científica ‘Nature Medicine’.

A investigação refere que a taxa de mortalidade relacionada com o calor foi mais elevada, respetivamente, na Grécia, com 393 mortes por milhão de pessoas, em Itália, com 209 mortes por milhão, e em Espanha, com 175 mortes por milhão.

“A Europa está a aquecer ao dobro do ritmo da média global”, declarou Elisa Gallo, epidemiologista ambiental da ISGlobal e principal autora do estudo, ao jornal britânico ‘The Guardian’.

Contudo, a taxa de mortalidade registada teria sido 80% mais alta se não tivesse havido uma adaptação ao aumento das temperaturas nos últimos 20 anos, de acordo com a investigação.

Para chegar a esta conclusão, os especialistas analisaram a eficácia de medidas criadas na sequência de uma onda de calor que, em 2003, matou 70 mil pessoas no continente europeu – valor que não ficou muito distante das 60 mil pessoas que morreram devido ao calor excessivo em 2022.

Foram calculados os efeitos do calor na saúde para diferentes períodos de tempo desde o início do século, tendo o número de mortes de 2023 sido estimado em 47.690. Paralelamente, os cientistas determinaram que, se as temperaturas do ano passado tivessem ocorrido em 2000-2004 em vez do período de referência 2015-2019, a taxa de mortalidade teria sido 80% superior.

O estudo refere, ainda, que os países mais frios da Europa, como o Reino Unido, a Noruega e a Suíça, irão ter futuramente o maior aumento relativo de dias excessivamente quentes. Todavia, o sul da Europa deverá continuar a verificar o maior número absoluto de mortes, porque está mais exposto a temperaturas escaldantes, apesar de estar mais bem adaptado ao clima quente.

A investigação surge numa altura em que incêndios florestais de grandes proporções, agravados pelo tempo quente e seco, estão a devastar os arredores de Atenas, levando muitos residentes a deixar as suas casas, lembra o ‘The Guardian’.

Nos últimos dias, foram também emitidos avisos de calor extremo em França e o Met Office, instituto de meteorologia britânico, alertou que esta segunda-feira seria o dia mais quente do ano no Reino Unido.