Justiça

Novas buscas na Madeira relacionadas com financiamento ilícito ao PSD fazem oito detidos

PJ realiza mais buscas na ilha da Madeira relacionadas com alegada corrupção partidária. Os oito detidos são autarcas, empresários, funcionários públicos. Entre eles está Carlos Teles, autarca da Calheta, ou José Humberto Vasconcelos, que foi secretário regional da agricultura e pescas. Em causa estãocondutas consideradas como "criminalidade altamente organizada"

HOMEM DE GOUVEIA

A Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), da Polícia Judiciária, e o Departamento de Investigação Criminal da Madeira estão a realizar novas buscas naquela ilha. Em causa, segundo o Expresso apurou, está uma investigação ao financiamento partidário do PSD/Madeira.

De acordo com a PJ, a operação fez oito detidos: autarcas, empresários, funcionários públicos, titulares de cargos políticos e de altos cargos públicos. Entre eles está Carlos Teles, autarca da Calheta, José Humberto Vasconcelos, que foi secretário regional da agricultura e pescas, Paulo Santos, ex-diretor regional de agricultura, duas funcionárias daquela secretaria, bem como o presidente do Instituto de Administração da Saúde (IASAÚDE) da Madeira, Bruno Freitas, apurou o Expresso. Dois dos locais das buscas foram a casa e o escritório de advogados de José Prada, secretário-geral do PSD/Madeira, que garantiu ao Expresso que não é um dos detidos.

Há 43 mandados de buscas domiciliárias e não domiciliárias, por suspeitas da prática dos crimes de participação económica em negócio, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, prevaricação e financiamento proibido de partidos políticos.

Duas das buscas foram realizadas em sede de municípios e quatro em secretarias regionais. Outra pessoa ouvida pela PJ foi Miguel Silva, adjunto de Miguel Albuquerque no Governo Regional da Madeira. Mas não foi detido.

A investigação, desenvolvida pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção e pelo Departamento de Investigação Criminal da Madeira, iniciou-se em 2020, sobre condutas consideradas como criminalidade altamente organizada.

Segundo o Expresso apurou, no centro da investigação está a empresa Dupladp & Associados, - de Humberto Drumond e Miguel Nóbrega, dois arguidos ligados a esta empresa - que é ao mesmo tempo fornecedora do Governo Regional e fez a campanha eleitoral do PSD de 2023. A empresa está ligada às áreas da informática e publicidade. As autoridades suspeitam que tenham existido concursos empolados e que o tenha sido o próprio Governo Regional a pagar tudo, lesando o erário público. Por exemplo, por recomendação do dono das obras - leia-se o Governo Regional da Madeira - era dito que os cartazes tinham de ser feitos pela referida empresa.

O PSD/Madeira já reagiu e garante que não existe financiamento ilícito por parte desta empresa. Em comunicado, o partido "nega a existência de quaisquer financiamentos ilícitos a seu favor, por parte da Empresa Dupla DP ou de quaisquer outras empresas, nomeadamente no âmbito das campanhas realizadas pelo Partido na Região, conforme foi tornado público, ao longo do dia de hoje, nos diferentes meios de comunicação social". E acrescenta que as relações comerciais entre o PSD/Madeira e a dita empresa, alvo da investigação desenvolvida, "estão plasmadas em faturas e recibos, cujo pagamento é do conhecimento do Partido a nível nacional, assim como dos revisores do Partido e dos Auditores do Tribunal Constitucional".

No total, participaram nesta operação “AB INITIO” cerca de 110 elementos da PJ, quatro procuradores da República do DIAP de Lisboa, dois juízes do Tribunal Judicial do Funchal e seis elementos do núcleo de assessoria técnica.~

Todos os detidos vão ser ouvidos pelo Tribunal de Instrução Criminal do Funchal.

[em atualização]