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Justiça

Operação Influencer: habitats prioritários nos terrenos do data center foram arrasados e numa das charcas até foi posto um edifício

No Relatório de Avaliação de valores Naturais para a implementação do data center, entregue pela equipa da universidade de Évora e citado na Declaração de Impacte Ambiental (DIA) aprovada pela APA, é referido que dois charcos que albergavam espécies prioritárias identificadas no terreno do projeto já não constavam do local, mas que existiam na área “manchas de outro habitat prioritário de matos de urzes que existem em redor de charcas húmidas (habitat 4020), protegido pela diretiva habitats da União Europeia”. No entanto, semanas depois da observação no campo, as charcas estavam terraplanadas e as manchas do habitat de urzes debaixo de um edifício

Projeção de como ficará o empreendimento Sines 4.0 quando estiver totalmente construído
D.R.

Numa das conversas apanhadas pelo Ministério Público no âmbito da “Operação Influencer”, o presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Nuno Banza, informa o então secretário de Estado da Energia João Galamba de que, apesar de o pedido da AICEP Global Parques ser para “desclassificar aquela zona em torno da central [de dados]” não precisava de desclassificá-la para que esta deixasse de criar incómodos.

“Eu posso na mesma fazer o projeto lá e posso compatibilizá-lo em sede de AIA [avaliação de impacte ambiental] e aquilo continua dentro da ZEC [zona especial de conservação] e eles fazem o projeto na mesma e se precisar de medidas de compensação adoto-as em sede de AIA”, informa Banza. E diz ainda: “Todos os dias licencio coisas em zona de Rede Natura”.