Justiça

Perícia neurológica de Ricardo Salgado já teve seis datas

Ricardo Salgado já faltou por três vezes a perícias neurológicas marcadas pelo Instituto de Medicina Legal, por ordem do Tribunal de Cascais. Noutras três datas, a justiça não conseguiu notificá-lo a tempo

Por seis vezes, três peritos - um neurologista, um psiquiatra e um psicólogo - permaneceram num gabinete do Instituto de Medicina Legal à espera de Ricardo Salgado. E, por seis vezes, o antigo banqueiro não apareceu.

Nas primeiras três marcações, a 30 de junho, 3 de julho e 4 de julho, Salgado estava na Suíça, numa viagem autorizada pela justiça portuguesa. Nas três marcações seguintes, a 17, 18 e 19 de julho, o Tribunal de Cascais pura e simplesmente não notificou o ex-presidente do Grupo Espírito Santo.

O Instituto de Medicina Legal propôs, entretanto, novas datas para setembro, mas o Conselho Superior da Magistratura diz que foram comunicadas ao tribunal durante as férias judiciais e, por não se tratar de um processo urgente, ficaram sem efeito.

A justiça continua sem receber a prova independente de que Ricardo Salgado sofre de alzheimer, num estadio da doença que o impede de se defender em tribunal.

À SIC, a defesa diz que as datas iniciais foram marcadas com muito pouca antecedência, antes da viagem autorizada à Suíça, e que quanto às mais recentes não foram enviadas notificações.

A menos de um mês de ser julgado no caso EDP, Salgado viu agora a perícia autorizada pela primeira vez num processo criminal, depois de o seu neurologista ter concluído, em outubro de 2021, que o antigo banqueiro sofre de alzheimer.

Os peritos que vão analisar Ricardo Salgado terão de consultar todo o processo, fazer uma entrevista presencial ao ex-presidente do GES e, se quiserem, a membros da família e amigos, podendo ainda pedir exames complementares.

Ricardo Salgado vai a julgamento no caso EDP por um crime de corrupção ativa para ato ilícito, um crime de corrupção ativa e outro de branqueamento de capitais.

No processo são ainda arguidos o ex-ministro da Economia Manuel Pinho, acusado de um crime de corrupção passiva para ato ilícito, outro de corrupção passiva, um crime de branqueamento de capitais e um crime de fraude fiscal, bem como a mulher do antigo governante, Alexandra Pinho, a quem é imputado um crime de branqueamento e outro de fraude fiscal.

O início do julgamento do Caso EDP está marcado para 3 de outubro.