Em Puli Khumri, no norte do Afeganistão, onde Farid Walizadeh cresceu, havia um rio. Aprendeu a nadar depois de aprender a andar, para ele eram só duas modalidades da locomoção humana, não era uma competência especial - até ser.
Tinha “oito ou nove anos” quando o tio o mandou fugir do Afeganistão, com um grupo de cerca de 50 pessoas que não conhecia. “Deixa-me mostrar-te uma fotografia. Olha, este sou eu. Foi com esta idade que saí do Afeganistão”, diz Farid.
Abre no telemóvel a imagem de um documento escrito em turco, com a fotografia de uma criança, cabelo espetado e olhos vivos. Os pais de Farid abandonaram o Afeganistão pouco depois do início da terceira guerra civil afegã (1996-2001) e deixaram-no, quase recém-nascido, com uma amiga da família. Levá-lo seria aceitar que morreria.
Essa sua nova mãe morre de tuberculose e o tio não é segundo pai.