Igualdade

Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto lança petição: organização diz que Câmara quer empurrar evento para a “invisibilidade”

A Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto lançou este domingo uma petição a reivindicar que a 18.ª marcha aconteça no centro do Porto e não seja remetida à “invisibilidade” pelo município portuense. Câmara garantiu espaço para o arraial pós-marcha, no Parque do Covelo, mas organização diz que espaço “não reúne as condições”

Diogo Baptista/SOPA Images

A Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto (MOP) lançou este domingo uma petição online a reivindicar que a 18.ª MOP aconteça no centro do Porto e não seja remetida à “invisibilidade” pelo município portuense.

“A Câmara Municipal do Porto quer empurrar-nos para a invisibilidade”, lê-se num comunicado da Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho do Porto (COMOP), que anuncia o lançamento de uma petição online intitulada “Contra a invisibilidade, queremos festa no centro da cidade”.

Constituída por 21 coletivos e associações, a COMOP conta que dirigiu à Câmara do Porto, há três meses, ​​​​​​​dois pedidos de apoio para concretizar um arraial popular e associativo no final da 18.ª Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto, como acontece habitualmente nos anos anteriores. Foi feito “um pedido de estruturas, licenças e requisição do espaço Largo Amor de Perdição e um pedido de 10 mil euros para gastos de produção”, lê-se na petição.

O pedido financeiro “foi negado” e a realização da iniciativa foi remetida para a Alameda das Fontainhas. Após a ausência de resposta durante três meses e a recusa ao apoio financeiro, ativistas da COMOP desenvolveram iniciativas para angariação de fundos para o arraial na Alameda das Fontainhas, mas no dia 19 de junho a Ágora - Cultura e Desporto do Porto, entidade da autarquia, comunicou a realização da iniciativa no parque do Covelo.

Câmara do Porto garante Parque do Covelo, mas organização diz que espaço “não reúne as condições”

A Câmara do Porto anunciou no domingo o apoio à Marcha do Orgulho LGBTI+ da cidade, com a disponibilização do Parque Municipal do Covelo e apoio material, mas a comissão organizadora diz que autarquia quer remeter evento à “invisibilidade”.

Segundo a Câmara do Porto, a solução apresentada passa pela realização da iniciativa no Parque Municipal do Covelo, espaço verde da cidade próximo do Marquês, que “reúne todas as condições necessárias para a concretização do evento, quer ao nível da dimensão, quer ao nível da logística”.

"Se, ainda assim, a organização entender não ser este o local indicado para a Marcha do Orgulho LGBTI+, o Município do Porto lamenta a posição", acrescentou a autarquia, reiterando a resposta da Ágora, de que nesse fim de semana a agenda de eventos da cidade “não permite a concretização do evento no local que a organização pretendia”.

A Comissão organizadora assume que a Quinta do Covelo “não reúne as condições” para albergar o evento por apresentar “limitações ao acesso para pessoas com mobilidade reduzida” e porque a manifestação acontece no centro da cidade e tem de terminar no arraial, que será palco de leitura de manifestos e de outras intervenções associativas.

“É com muito espanto e tristeza que recebemos esta notícia, uma vez que toda a negociação para a concretização deste arraial associativo estava completamente alinhada em todos os nossos contactos e reuniões, reforçando assim a inviabilidade desta proposta”, declara a comissão da MOP.

Com o lema “queremos visibilidade e abrir o armário da cidade”, a comissão organizadora da marcha recorda que tem um programa agendado com artistas da comunidade LGBTQIA+, compromissos com fornecedores de som, luz, bebidas, materiais de produção e logística.

“Esta decisão põe em risco não só a realização do evento, mas também os nossos compromissos com fornecedores, artistas, públicos, bem como a nossa gestão financeira totalmente comparticipada pela comunidade da cidade do Porto. Além disso, o valor arrecadado com as vendas do arraial contribui para dar resposta às dezenas de pedidos de apoio social que anualmente chegam aos nossos coletivos e associações”, refere.

Esta manifestação de comemoração e luta pela igualdade da comunidade LGBTI+ realiza-se no Porto desde 2006. Este ano está agendada para decorrer entre 7 e 9 de julho, com a promessa de que vão marchar, gritar e dançar para lembrar “a todas as pessoas que o amor é um direito universal”, lê-se na página de rede social Facebook da Marcha.