Ciência

Consumo abusivo de álcool e a solidão aumentam o risco de demência precoce

Estudo identifica 15 fatores que aumentam o risco de demência precoce, aquela que é diagnosticada em pessoas com menos de 65 anos

mmac72

O consumo abusivo de álcool, a solidão e a proveniência de um meio socioeconómico inferior são três dos 15 fatores de risco para a demência precoce encontrados no estudo “Risk Factors for Young-Onset Dementia in the UK Biobank”, publicado na revista académica “JAMA Neurology”. “O nosso estudo identificou 15 fatores relacionados com o estilo de vida e com a saúde que foram associados à incidência de demência de início precoce", explicam os investigadores ao “The Guardian”. Considera-se demência precoce aquela que é diagnosticada em pessoas com menos de 65 anos.

Além dos três fatores já mencionados, a deficiência auditiva, níveis de escolaridade mais baixos, a deficiência de vitamina D e a depressão também são listados pela equipa de investigadores. O estudo revela, ainda, que a mudança de estilo de vida pode diminuir o risco de desenvolver demência precoce.

"Embora seja necessária uma exploração mais aprofundada destes fatores de risco para identificar potenciais mecanismos subjacentes, a abordagem destes fatores modificáveis pode revelar-se eficaz na atenuação do risco de desenvolvimento de demência de início precoce e pode ser facilmente integrada nas atuais iniciativas de prevenção da demência", refere o trabalho.

No estudo foram encontradas algumas semelhanças nos fatores de risco entre demência e demência precoce. "Para além dos fatores físicos, a saúde mental também desempenha um papel importante, incluindo evitar o stress crónico, a solidão e a depressão. O facto de isto também ser evidente na demência de início jovem foi uma surpresa para mim e pode oferecer oportunidades para reduzir o risco também neste grupo”, explicou Sebastian Köhler, professor de neuro-epidemiologia na Universidade de Maastricht e um dos investigadores envolvidos no estudo.

Esta investigação "abre novos caminhos ao identificar que o risco de demência de início precoce pode ser reduzido", refere Janice Ranson, investigadora sénior da Universidade de Exeter. O estudo analisou 350 mil pessoas com menos de 65 anos. No total, quase quatro milhões de pessoas com menos de 65 anos apresentam sintomas de demência, sendo que cerca de 370 mil pessoas são diagnosticadas anualmente com demência precoce.