Do deserto do Karoo às primeiras galáxias formadas no Universo vão 13,4 mil milhões de anos e muitos milhões de quilómetros. E, no entanto, é a meio deste deserto sul africano, num local que se encontra a 600 quilómetros da cidade do Cabo, que vai operar um dos pontos privilegiados para a observação do Universo, com o início da instalação das antenas que compõem o radiotelescópio SKA (de Square Kilometre Array) esta segunda-feira. O SKA contempla, também, múltiplas antenas em Inyarrimanha Ilgari Bundara, na região ocidental da Austrália, a 800 quilómetros de Perth. Em 2028, quando estiver concluído, será o maior instrumento científico de todos os tempos. A avaliar pelos contratos de três milhões de euros, também há portugueses animados com a ideia de desbravar o universo.
“Em Barrancos, vamos ter a funcionar protótipos de demonstração dos sistemas de controlo de energia renovável que vão ser usados pelas várias antenas do SKA. Apenas na África do Sul e na Austrália têm sistemas destes em demonstração. Esta demonstração vai decorrer até junho”, explica Domingos Barbosa, investigador do Instituto de Telecomunicações de Aveiro (IT-A), e coordenador do Engage SKA, que representa parte do contributo científico para este radiotelescópio intercontinental.