Até agora andava-se à procura da agulha no palheiro. Durante anos, o fenómeno das diferenças cromáticas nas aves machos e fêmeas era como que uma brecha na investigação ornitológica, o ramo da zoologia que diz respeito ao estudo das aves. Entendê-lo era abrir a janela para a compreensão dos fenómenos de acasalamento e, consequentemente, da evolução das espécies de aves.
“O chamado dicromatismo sexual [diferenças na cor entre machos e fêmeas] traduz-se muitas vezes no facto de um dos sexos, quase sempre o masculino, apresentar cores mais vivas”, começa por explicar ao Expresso Ricardo Jorge Lopes, biólogo e um dos primeiros autores do estudo. O objetivo é competir pela fêmea por ser esta a ter recursos de reprodução limitantes, tal como também acontece nos humanos - “há menos óvulos do que espermatozóides”.