A Universidade Nova de Lisboa vai lançar um programa formação para pessoas com mais de 50 anos, com seminários interdisciplinares, palestras e workshops em diversas áreas. O projeto arranca em outubro em quatro faculdades, mas o objetivo é expandi-lo a mais instituições da Nova e alargar a oferta educativa direcionada para este público.
Em entrevista ao Expresso, João Amaro de Matos, vice-reitor da universidade, explica que a iniciativa é dirigida a pessoas reformadas, mas também a cidadãos estrangeiros residentes em Portugal. “A missão da universidade é formar alunos, mas também disseminar conhecimento entre as várias camadas da população. Metade dos portugueses têm 50 anos ou mais, e percebemos que há uma grande disponibilidade entre os reformados e expatriados para receber formação”.
O público-alvo, acrescenta, “são pessoas com disponibilidade e curiosidade intelectual, interessadas em temas gerais e não apenas ligados à atualidade”.
As faculdades envolvidas no projeto incluem a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, a Nova School of Science and Technology, a Nova Medical School e o Instituto de Higiene e Medicina Tropical. Outras entidades, como a Escola Nacional de Saúde Pública, a Faculdade de Economia e a Information Management School, poderão juntar-se à iniciativa numa fase posterior.
O programa, que se estenderá de outubro a junho do próximo ano, está dividido em quatro períodos de dois meses. Os participantes poderão inscrever-se no início de qualquer um dos bimestres. Estão previstas palestras sobre democracia, populismo, União Europeia, redes sociais e “fake news”.
Haverá também grupos de discussão sobre inteligência artificial, medicina, estilos de vida saudáveis e alimentação, bem como workshops de culinária saudável e nutrição. Outras atividades incluem uma viagem de estudo à Arrábida, em colaboração com geógrafos e geólogos, e uma viagem ao Egito organizada pelo campus da Nova no Cairo, acompanhada por especialistas em culturas antigas.
Na área da saúde, a Nova Medical School planeia promover sessões sobre temas como o envelhecimento e a saúde mental, que, segundo João Amaro de Matos, “despertam um grande interesse, mas as pessoas nem sempre têm tempo para os explorar.”
70 euros por palestra e 400 por workshop
O financiamento deste projeto será assegurado pelas propinas pagas pelos participantes. Os interessados terão de pagar uma joia inicial de 50 euros por semestre ou 75 euros por ano. Para quem optar pela adesão “premium”, no valor de 800 euros anuais, haverá acesso gratuito a palestras e descontos em outros cursos. Para os restantes, cada palestra terá um custo de 70 euros, os grupos de discussão custarão 100 euros por pessoa e os workshops 400 euros.
A universidade compromete-se, no entanto, a garantir que o projeto seja inclusivo. “Nem todas as pessoas acima dos 50 anos têm reformas que lhes permitam pagar, mas queremos que o programa seja acessível a todos”, diz João Amaro de Matos. Embora seja sempre necessário pagar a inscrição, a universidade está disposta a oferecer bolsas a quem demonstrar necessidade financeira.
“Não temos um valor definido para as bolsas, avaliaremos caso a caso. Primeiro, temos de zelar pelo sucesso do projeto e, à medida que tivermos mais sucesso, poderemos oferecer algumas bolsas a quem precisar”, acrescenta.
O projeto é inspirado em programas internacionais como o da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que oferece formações semelhantes para públicos com mais idade, explica o vice-reitor. “No Porto, já existem programas desta natureza há alguns anos e na Universidade de Lisboa também, mas a oferta é diferente da nossa. Acreditamos que há um grande espaço no mercado para a Nova se destacar com esta proposta.”