A menos de uma semana de cumprir um ano à frente do Instituto Camões, o Governo decidiu exonerar a presidente do instituto, Ana Paula Fernandes, e dissolveu o Conselho Diretivo por “necessidade de imprimir” uma “nova orientação à gestão” da organização.
A notícia foi avançada durante a tarde pela Lusa, tendo sido confirmada pelo Expresso junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), que apontou que “não se trata da substituição de uma pessoa, mas de uma equipa”. O Governo também confirmou que a próxima presidente do Instituto Camões será Florbela Paraíba que, até agora, era embaixadora de Portugal no Senegal.
Ana Paula Fernandes estava no cargo há menos de um ano, já que o despacho em Diário da República que dava conta da sua nomeação pelo anterior executivo entrou em vigor no dia 17 de julho de 2023. Na altura, a presidente foi nomeada “em comissão de serviço, pelo período de cinco anos, renovável por igual período”. O nome de Ana Paula Fernandes tinha sido aprovado por António Costa e pelo então ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.
A saída da presidente do Instituto Camões acaba por ser semelhante a outras exonerações na administração pública, com o Governo de Luís Montenegro a optar por não reconduzir chefias nomeadas pelo executivo de António Costa antes de fazerem um ano de casa. A Lei do Quadro dos Institutos Públicos especifica que o pagamento de uma indemnização só se aplica caso o cargo público em causa esteja ocupado por 12 meses seguidos.
Na resposta enviada ao Expresso, o MNE menciona a lei em causa para justificar a demissão do conselho diretivo do Instituto Camões, que diz que um conselho diretivo pode ser dissolvido por “necessidade de imprimir nova orientação à gestão” da entidade.
A futura presidente do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, Florbela Paraíba, tem 52 anos e é natural de Beja, tendo-se licenciado em Relações Internacionais na Universidade Técnica de Lisboa. Paraíba enveredou pela carreira diplomática em 1995, tendo trabalhado nas missões em Díli, na Índia, na embaixada portuguesa em Washington D.C. e na missão permanente nas Nações Unidas, em Nova Iorque.
Foi adjunta do ministro dos Negócios Estrangeiros em 2009 (cargo na altura ocupado por Luís Amado, no executivo de José Sócrates). Depois disso, passou pelas embaixadas em Brasília (2013), Roma (2017), e por vários cargos diplomáticos, antes de se tornar chefe do gabinete do secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em janeiro de 2019. Desde julho de 2022, Florbela Paraíba ocupava o cargo de embaixadora em Dakar, no Senegal.