A Polícia Judiciária (PJ) e o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa realizaram buscas no Ministério da Saúde, na Segurança Social, no Hospital Santa Maria e também num “domicílio”, esta quinta-feira, “visando a recolha de documentação”, de acordo com o Ministério Público. Segundo a PJ, houve o cumprimento de 11 mandados de busca, ”a fim de consolidar a investigação em curso".
Em causa está o caso das gémeas luso-brasileiras com atrofia muscular espinhal a quem foi administrado o medicamento Zolgensmaem Portugal.
Foram cerca de 50 os inspetores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da PJ, juntamente com procuradores do DIAP de Lisboa, que estão a executar as buscas.
Estão em causa crimes de prevaricação, abuso de poderes, burla qualificada e tráfico de influência.
O comunicado da PJ confirma que com a realização desta operação, “procura-se a recolha de equipamentos de telecomunicações, informáticos, prova de natureza documental, correio eletrónico, elementos que serão submetidos a exames e perícias”.
Lacerda Sales é arguido no caso
O principal objetivo destas diligências é recolher documentação, ficheiros e emails de computadores do Ministério da Saúde, do hospital e da secretaria de Estado da Saúde, que era liderada na altura por Lacerda Sales, que é um dos principais visados nesta operação. Segundo a Sic Notícias, o ex-governante foi constituído arguido no caso há poucos dias. E terá sido já alvo de buscas domiciliárias.
Lacerda Sales teve conhecimento do caso de saúde das duas crianças após uma reunião com Nuno Rebelo de Sousa, filho de Marcelo Rebelo de Sousa. Posteriormente terá pedido, através da sua secretária, que se marcasse uma consulta às gémeas no Hospital Santa Maria. As autoridades desconfiam que tenha havido igualmente pressões do filho do Presidente da República junto do Palácio de Belém para abrir portas às consultas e tratamento das gémeas luso-brasileiras.
As buscas da PJ acontecem num dia que já seria marcado pelo mesmo caso, com o início da Comissão Parlamentar de Inquérito. No entanto, os trabalhos só terão início a 17 de junho, depois de Lacerda Sales ter declarado indisponibilidade de agenda para conseguir estar presente na data originalmente marcada.